quinta-feira, 21 de novembro de 2013

O Direito de Ser Quem Você Deseja Ser

Trago a vocês um de meus posts originalmente publicado na comunidade Repensando a Magia e o Ocultismo (clique aqui para ver o post especificamente). Apesar das propostas da comunidade e deste blog não serem as mesmas, eventualmente surgem alguns conteúdos que podem ser compartilhados entre os dois espaços.

O post tem forte relação com a história pessoal sobre meu caminho na magia, porém é conceitual. Seu objetivo (assim como de alguns outros) é ajudar a qualificar os eventos que venho narrando. Transcrevo-o abaixo: 


Encontrei recentemente um artigo sobre mapas mentais (http://parquedaciencia.blogspot.com.br/2013/10/cartografia-pessoal-os-mapas-mentais.html). É um conceito novo para mim. Não que se trate de um tema esotérico, mas é uma forma de estudar como um indivíduo se sente em relação ao seu meio. Uma maneira de investigar o subconsciente.

Penso a este respeito, visualizando o que poderia ser feito em termos de investigação no ocultismo. Poderíamos descobrir como as pessoas se sentem em ambientes específicos. Saberíamos as impressões que lhes são causadas. E então, pela soma das respostas, conheceríamos algo sobre como as consciências individuais se dinamizam coletivamente.

Pena que nem todos se permitem dizer exatamente o que pensam e sentem, o que prejudica o estudo neste sentido. Infelizmente vivemos em um mundo cheio de tabus, onde as pessoas são criticadas pelo que desejam mais intimamente. Como se não tivessem o direito de simplesmente ser quem desejam ser... O desejo é reprimido com base em valores morais questionáveis à luz de uma ética simples, a qual deveria ser o limite da liberdade inalienável de ser simplesmente quem você é.

Criam-se dogmas para que as pessoas adequem suas formas de desejar a fim de que se conformem com os mesmos. Reprimindo o que alguém quer mais intimamente, você adquire mais poder às custas deste que é reprimido. E quando o indivíduo reprime a si mesmo em favor de algo que você impõe, ele dá (de livre e espontânea vontade) o poder a você. É uma relação de abuso. E normalmente o abusado torna-se abusador, criando um ciclo vicioso.

Pior que isso, para se impor com mais eficiência, os abusadores chamam-se a si mesmos de detentores da moral (que é uma coisa absolutamente relativa, dentro de cada cultura) e da espiritualidade (que é uma profanação desta palavra).

O segredo oculto à maioria das pessoas é que a pretensa luz é, na realidade, expressão das verdadeiras trevas (trevas no sentido de que você nada pode ver além delas). Tudo o que se coloca além desta pretensa luz foi chamado de diabólico, de demoníaco.

Há apenas diferença e o respeito por esta diferença deveria ser a tônica de todos os relacionamentos, sem maior e sem menor. Rotular alguns seres como divinos e angelicais e outros como demoníacos é um profundo desrespeito à diversidade (observe que a diversidade é realmente muito, mas muito ampla).

Quantos de nós não se sentem mal por algo que se pensa e que vai de encontro aos tabus sustentados por uma maioria inconsciente? Quantos de nós deixamos de fazer algo simplesmente porque a religião não permite?

Acreditam que isso realmente vai libertá-los, que isso vai levá-los à Verdade? Se abusados tornam-se abusadores e se há muitos abusadores, quebremos o ciclo, revertendo-o. Se persistirmos, eventualmente a opressão cessa.

Alguns de meus textos parecem ser um tanto negros, um tanto demoníacos até. Eis a explicação. Não posso me conformar com atitudes inconscientes, mesmo que isso pudesse me trazer algum tipo de conforto.

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Encontrando AS - Frutos que Surgiram de um Insuspeito Sonho

Há algum tempo atrás eu comecei a contar a história de uma experiência em sonho, onde eu expressei um desejo, e esse desejo acabaria realizando-se nesse nosso mundo de fatos concretos. Defini esta experiência como um exemplo do que considero ser um contato com uma esfera mais ampla de consciência (cuja ação é capaz de transformar a realidade de uma forma complexa e extremamente precisa - confira o post Uma Esfera de Consciência Mais Ampla).

No sonho (descrito em Um Experimento em Sonho e Suas Consequências) o nome de um homem (AS) havia sido revelado a mim e eu demonstrei a intenção de encontrá-lo. A partir daí, algumas transformações em minha vida profissional começaram a ocorrer. Eu havia sido convidado a participar de um projeto que implicaria em uma mudança de residência para a cidade de Londrina (conforme o post Transições - Concluindo a Interpretação do Número 3). Sem que eu tivesse ciência, eu estava sendo conduzido ao encontro desta pessoa.

O primeiro passo para que eu mudasse de residência era pedir meu aviso prévio junto à empresa em que eu trabalhava. Cumpri o mês, despedi-me de meu amigo PC e, com ajuda de uma carona de meu pai, levei os poucos bens que possuía para Londrina (cabiam no porta-mala de um carro, para se ter uma ideia do que é ser solteiro dentro de uma kitnet). Assim voltei para a empresa J, onde já havia trabalhado durante muitos anos.

Entretanto, naquele momento meu papel seria algo completamente diferente do que eu já havia realizado até então. Eu era o intéprete entre JL (um conhecido que eu havia recomendado para um projeto desafiador) e os demais membros da equipe. O fato era que o QI de 135 de JL provocava um impacto psicológico nas pessoas em geral. Dificilmente discutiam com ele. Não que eu me saísse melhor ao argumentar, mas eu nunca me importei de fazer perguntas, por mais tolas que parececem ser, até que recebesse uma resposta satisfatória. Eles se sentiam mais seguros comigo.

O tempo passou e um certo dia resolvi utilizar a hora de almoço (que na realidade eram duas horas) para resolver alguns assuntos pessoais. No retorno ao trabalho, estava voltando a pé. De repente, um carro para ao meu lado e um senhor inicia um diálogo comigo:
- Oi! Você trabalha na J, não trabalha?
- Sim. Eu trabalho lá - respondi.
- Então, estou indo naquela direção. Quer carona?

Como aquele senhor sabia que eu trabalhava na empresa J, senti-me seguro para aceitar a carona. Quando eu já estava dentro do carro, ele prosseguiu:
- Meu nome é AS.

Surpreso, lembrei-me de imediato do nome. AS, um nome aparentemente estrangeiro, o mesmo que havia sido referido no sonho (sobre o qual eu havia esquecido completamente, mas que naquele instante retornava à mente como se tivesse sido na noite anterior). Sem demonstrar o assombro que sentia, continuei a conversa:
- Meu nome é Paulo. Faz pouco tempo que comecei trabalhar na J (não comentei sobre os anos anteriores em que havia trabalhado ali).
- Eu também estou na J há pouco tempo - ele continuou. Na realidade eu fui contratado para uma consultoria (sua linguagem corporal revelava certo desapontamento enquanto concluía estas palavras).
- Percebi que você tem uma Estrela de Davi pendurada no espelho do carro - comentei.
- Não. O nome correto não é esse. Na realidade trata-se do Penta de Salomão. As pessoas normalmente denominam este símbolo de Estrela de Davi, mas é incorreto chamá-lo assim.

Conversamos por um tempo. Na realidade mais ouvi do que falei. Ele contou-me a respeito da cabala e inclusive sobre a pronúncia correta (que não é cabala como usualmente falamos, e sim cabalá). Adentramos o recinto da empresa e fomos cada um para o respectivo setor onde estávamos alocados.

AS não ficou muito tempo na empresa. Não havia porquê, afinal tratava-se de um consultor (os consultores apenas intervêm até um certo ponto para que as empresas prossigam a partir daí por si mesmas). Muitos anos depois, quando eventualmente nos encontramos, confidenciou-me que não tinha se sentido satisfeito com a receptividade da empresa J.

Muitas vezes questionei-me sobre o motivo de um sonho ter revelado seu nome a mim e sobre qual seria o sentido das transformações profissionais que surgiram logo depois da intenção que manifestei no sonho, de encontrá-lo. Pelo que sei, AS não compreendia coisa alguma de magia. Aliás, hoje em dia acredito que a magia é apenas uma das aplicações da cabala, não sendo sequer a principal. Muitos aplicam cabala em suas vidas sem considerarem usos mágicos de qualquer tipo. Mas, enfim, sou leigo demais sobre este assunto.

Houve uma época, quando eu estava fragilizado por estar vivendo minha Noite Escura da Alma, em que decidi revelar-lhe toda esta história. Acabei assustando-o. Mas eu precisava dizer-lhe o que pensava. Precisava saber se ele intuía algo a este respeito e não me dizia. Simplesmente descobri que não, que ele não intuía. Ou pelo menos, se intuiu algo a este respeito, nunca deu muita atenção a este fato.

Considerando o que foi dito, qual foi o significado disso tudo? Cheguei à conclusão de que a experiência em sonho apenas indicou-me uma possibilidade do meu destino (que eu poderia aceitar ou não, e aceitei), e que tratou-se apenas de um marco no meu caminho (um ponto de referência, por assim dizer), e não do caminho em si. Eu não deveria ater-me àquele ponto. Houve outras experiências de contato com uma esfera de consciência mais ampla que também levaram a fatos que se materializaram em minha vida (e vou contá-las no devido tempo). Entretanto esta que descrevi é uma das poucas em que eu soube precisar o momento exato em que foi plantada a semente original da intenção no sonho, a semente que se tornaria realidade.