sábado, 23 de março de 2013

Falando de Minha Própria Iniciação na Magia

Eu não sei até que ponto uma experiência pessoal pode servir como parâmetro para outra pessoa no que diz respeito ao momento de comunhão com o SAG (Sagrado Anjo Guardião), ou HGA (Holy Guardian Angel) ou KIA (na terminologia de Austin Osman Spare, quando introduziu a Magia do Caos). De qualquer forma, eu pretendo expor hoje minha própria experiência.


Meu primeiro motivo para fazê-lo agora é porque eu acredito que é o que vem melhor na sequencia após o post anterior (O Maior Círculo em que Alguém Pode se iniciar). Não que esta experiência seja uma meta final em si. Na realidade ela é justamente o oposto de uma meta final, pois trata-se da criação de um fundamento para tudo o mais, e tê-la é apenas a primeira realização concreta. No meu caso foi minha primeira operação mágica depois de aproximadamente três anos buscando que acontecesse. A data exata foi em 09/01/2001. E o segundo motivo é que futuramente eu prentendo me referir a este post para colocá-lo dentro de um outro contexto. A verdade é que eu só pude compreender o que havia vivido com o passar dos anos. Assim, eu pretendo introduzir este e outros temas de maneira gradual.


A maior dificuldade que eu sentia até aquela data era congruir a minha realização pessoal com a realização do universo ao meu redor. Não conseguia me convencer de que ambas eram compatíveis. Oscilava entre duas polaridades: egoísmo e altruísmo. Pior ainda, quando eu refletia sobre uma definição mais abrangente do que são os seres que existem (que são o divino se expressando, pois tudo é expressão divina), e considerava o mero fóton de luz, passando pelas partículas que formam o átomo, passando pelas moléculas, passando pelas células, passando por seres multicelulares. Seres, formados por seres, que devem igualmente se realizar, pois nenhum é maior que o outro. E a complexidade aumentava quando eu pensava nas complicações que as pessoas causam umas às outras. No meio de tudo isso, quando eu me focalizava em meus próprios objetivos, na minha própria realização que eu queria causar, eu me sentia como que buscando oprimir a realização de tudo o mais, sentia-me indígno. Sentia-me egoísta e tentava transcender este sentimento. Tentava encontrar algo que me congruiria e me harmonizaria, já cansado após anos de busca, mas não desistindo. Foi então que eu entendi que a resposta era pura e simplesmente a realização de tudo (eu, você, e tudo o mais, afinal somos parte de tudo), por mais que isso parecesse contraditório à minha compreensão: a realização até mesmo do que se opõe à própria divindade (os ateístas que tentam negá-la, por exemplo, ou então pessoas com conceitos contrários à essência da divindade). Ou seja, um profundo respeito a tudo. A aceitação de tudo. Essa era então a essência divina, da forma que eu percebia e, mesmo não sabendo como poderia ser possível que fosse real, eu a aceitei, sem compreendê-la, muito angustiado, e caí no sono.


Eu sonhei que um demônio me levava fraco, rendido, sobre suas costas. E eu simplesmente disse “Que eu me realize plenamente”. Só que este “eu” simbolizava muito mais do que um indivíduo à parte de tudo. O “eu” já não estava mais dissociado de tudo o mais. Essa era a essência que eu tinha aceitado. No sonho eu me explodi em pura luz enquanto estava deitado, rendido nas costas do demônio. E então, de repente, estava de pé, no meio do vazio, com tudo pronto para começar a construir. Nos dias que se seguiram, eu não sustentei aquela consciência que eu havia obtido naqueles minutos, mas bastou tê-la atingido para que eu alcançasse aquilo que vinha buscando. Quando eu acordei, eu sabia que tinha ocorrido.


Foi meu encontro com o SAG, ou HGA, ou KIA, conforme se queira dizer. Dá para perceber que não tem nada a ver com o que as pessoas pensam quando imaginam algo como um Sagrado Anjo Guardião. Cada um percebe de uma forma. E sempre tem alguma coisa muito pessoal e íntima, que não dá para colocar em um relato como este. Eu já ouvi o relato de uma pessoa que atingiu esta congruência de uma forma diferente. Por isso, esta experiência talvez valha como um exemplo, mas não como um modelo. A verdade é que, mesmo a essência, que eu percebi, da divindade é um ponto de vista pessoal, resultado de toda aquela congruência que eu vinha realizando em alguns anos e, certamente, ela é percebida de forma diferente por pessoas diferentes.

Nenhum comentário:

Postar um comentário