Eu
não sei até que ponto uma experiência pessoal pode servir como
parâmetro para outra pessoa no que diz respeito ao momento de comunhão
com o SAG (Sagrado Anjo Guardião), ou HGA (Holy Guardian Angel) ou KIA
(na terminologia de Austin Osman Spare, quando introduziu a Magia do
Caos). De qualquer forma, eu pretendo expor hoje minha própria
experiência.
Meu primeiro motivo para fazê-lo agora é porque eu acredito que é o que vem melhor na sequencia após o post anterior (O Maior Círculo em que Alguém Pode se iniciar).
Não que esta experiência seja uma meta final em si. Na realidade ela é
justamente o oposto de uma meta final, pois trata-se da criação de um
fundamento para tudo o mais, e tê-la é apenas a primeira realização
concreta. No meu caso foi minha primeira operação mágica depois de
aproximadamente três anos buscando que acontecesse. A data exata foi em
09/01/2001. E o segundo motivo é que futuramente eu prentendo me referir
a este post para colocá-lo dentro de um outro contexto. A verdade é que
eu só pude compreender o que havia vivido com o passar dos anos. Assim,
eu pretendo introduzir este e outros temas de maneira gradual.
A
maior dificuldade que eu sentia até aquela data era congruir a minha
realização pessoal com a realização do universo ao meu redor. Não
conseguia me convencer de que ambas eram compatíveis. Oscilava entre
duas polaridades: egoísmo e altruísmo. Pior ainda, quando eu refletia
sobre uma definição mais abrangente do que são os seres que existem (que
são o divino se expressando, pois tudo é expressão divina), e
considerava o mero fóton de luz, passando pelas partículas que formam o
átomo, passando pelas moléculas, passando pelas células, passando por
seres multicelulares. Seres, formados por seres, que devem igualmente se
realizar, pois nenhum é maior que o outro. E a complexidade aumentava
quando eu pensava nas complicações que as pessoas causam umas às outras.
No meio de tudo isso, quando eu me focalizava em meus próprios
objetivos, na minha própria realização que eu queria causar, eu me
sentia como que buscando oprimir a realização de tudo o mais, sentia-me
indígno. Sentia-me egoísta e tentava transcender este sentimento.
Tentava encontrar algo que me congruiria e me harmonizaria, já cansado
após anos de busca, mas não desistindo. Foi então que eu entendi que a
resposta era pura e simplesmente a realização de tudo (eu, você, e tudo o
mais, afinal somos parte de tudo), por mais que isso parecesse
contraditório à minha compreensão: a realização até mesmo do que se opõe
à própria divindade (os ateístas que tentam negá-la, por exemplo, ou
então pessoas com conceitos contrários à essência da divindade). Ou
seja, um profundo respeito a tudo. A aceitação de tudo. Essa era então a
essência divina, da forma que eu percebia e, mesmo não sabendo como
poderia ser possível que fosse real, eu a aceitei, sem compreendê-la,
muito angustiado, e caí no sono.
Eu
sonhei que um demônio me levava fraco, rendido, sobre suas costas. E eu
simplesmente disse “Que eu me realize plenamente”. Só que este “eu”
simbolizava muito mais do que um indivíduo à parte de tudo. O “eu” já
não estava mais dissociado de tudo o mais. Essa era a essência que eu
tinha aceitado. No sonho eu me explodi em pura luz enquanto estava
deitado, rendido nas costas do demônio. E então, de repente, estava de
pé, no meio do vazio, com tudo pronto para começar a construir. Nos dias
que se seguiram, eu não sustentei aquela consciência que eu havia
obtido naqueles minutos, mas bastou tê-la atingido para que eu
alcançasse aquilo que vinha buscando. Quando eu acordei, eu sabia que
tinha ocorrido.
Foi
meu encontro com o SAG, ou HGA, ou KIA, conforme se queira dizer. Dá
para perceber que não tem nada a ver com o que as pessoas pensam quando
imaginam algo como um Sagrado Anjo Guardião. Cada um percebe de uma
forma. E sempre tem alguma coisa muito pessoal e íntima, que não dá para
colocar em um relato como este. Eu já ouvi o relato de uma pessoa que
atingiu esta congruência de uma forma diferente. Por isso, esta
experiência talvez valha como um exemplo, mas não como um modelo. A
verdade é que, mesmo a essência, que eu percebi, da divindade é um ponto
de vista pessoal, resultado de toda aquela congruência que eu vinha
realizando em alguns anos e, certamente, ela é percebida de forma
diferente por pessoas diferentes.
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