sexta-feira, 28 de junho de 2013

A Lição que se Aprende com Choronzon

Na semana passada eu descrevi uma experiência muito marcante de contato com meu inconsciente, e interrompi a narrativa justamente no que seria um ápice de frustração (veja meu post Um Tempo com Choronzon). Eu havia provado intensamente o sabor de inúmeras ilusões, que se seguiram por frustrações, até que percebi que tudo aquilo que eu havia sentido era falso, no sentido de ser sem raízes com a realidade.

Eu questionava, naquele momento, a totalidade do que eu havia percebido, todas as mensagens que eu havia recebido, tudo o que eu julgava ter experimentado de fato na vida, e também tudo o que eu acreditava (mesmo as crenças que eu havia sedimentado em minha própria mente durante anos). Estava, literalmente, “sem chão”. Não sabia no que me apoiar.

O fato é que perceber o quanto eu estava suscetível ao que “no fundo, no fundo, eu queria ouvir” e não ao que os fatos realmente eram, fez com que eu questionasse a mim mesmo. Fez com que eu me perguntasse se ocorria de eu estar filtrando todas as minhas percepções o tempo todo, desde o começo de minha congruência (sobre a qual eu dei uma amostra, na primeira parte do blog, apresentando diversas ideias), até o momento em que descrevi minha experiência de contato com meu Sagrado Anjo Guardião (no post Falando de Minha Própria Iniciação na Magia), experiência esta que eu também estava colocando em dúvida naquele momento. Eu precisava recompor meus pensamentos. Tive a ideia de experimentar me colocar em pirâmides, mas eu não estava disposto verdadeiramente a embarcar naquela ou em qualquer outra filosofia e, assim, de pouco me valeram aquelas sessões às quais eu me submeti.

A resposta que eu buscava, eu encontraria no silêncio de meus próprios pensamentos. Mesmo porquê eu já não confiava mais em palavras fáceis, ditas por entidades invisíveis, fossem elas direcionadas diretamente para mim, ou fossem canalisadas por médiuns, ou registradas em escrituras (fossem sagradas ou não). O problema das palavras é que não se sabe quem as transmite. Elas são um meio muito cômodo de se obter uma informação objetiva, mas como saber se são verdadeiras? Até então, eu nunca havia buscado nem o entendimento e nem a sabedoria com base exclusiva nelas. Eu sempre tive o hábito de questionar toda resposta pronta e, para isso, eu vim observando a mim mesmo como que visto de fora (como um observador externo), atento às minhas emoções, à minha criatividade, ao meu intelecto, aos meus instintos e, enfim, a tudo o que sou. Jamais deixei de lado “uma pecinha”, que fosse, daquilo que eu sou. Eu havia levado três anos nesse processo de busca de respostas utilizando uma linguagem preponderantemente não-verbal (associada à minha própria cognição) e, quando me permiti ceder às palavras, deixei-me levar tão facilmente por ilusões... Minha reestruturação começava ali, naquele ponto de minha história. Não levaria três anos, mas eu precisaria revalidar todas as minhas crenças, pensamentos, percepções e atitudes. Porém, naquele momento eu estava ali. Sem um Norte para seguir, exceto a bússola da minha própria mente.

O contato com Choronzon foi verdadeiramente perturbador, mas poderia ter sido pior se eu tivesse me deixado levar por alguma daquelas ilusões e assim falsamente acreditasse ter chegado ao meu objetivo, quando na realidade estaria ainda preso ao meu próprio ego. Foi dolorido perceber que estava vendo apenas um reflexo daquilo que eu queria ver (um reflexo de mim mesmo), mas acredito que foi talvez a melhor conclusão à que eu poderia ter chegado.

Um conhecido havia me falado de encostos e fiquei preocupado. Afinal, poderia ser um encosto. Era uma possibilidade. Foi por outras referências (as quais encontrei com o passar do tempo) que acabei compreendendo que tratava-se de Choronzon. Ele não me deu sequer o próprio nome, nem o nome que as pessoas dão a ele (eu não sei se ele tem um nome além dos nomes que as pessoas dão a ele). Ele apenas me disse “Eu sou você. Os meus olhos são aqueles que te vêem quando você se vê no espelho” (também está em meu post Um Tempo com Choronzon). Quando eu comecei a ler sobre este ser, me chamava a atenção, mas foi o fato de encontrar esta definição exata, pela qual ele referia a si mesmo, que me fez reconhecê-lo de fato (também no post Um Tempo com Choronzon). Foi aí que me convenci de tê-lo encontrado.

De fato eu acredito que todas as pessoas têm frequentemente contato com Choronzon, sendo apenas menos perceptível na maior parte dos casos. Choronzon tem relação com os filtros de percepção que utilizamos para contemplar o mundo, onde ignoramos os fatos que não são coerentes com aquilo que queremos ver, e enxergamos nitidamente o que tem a ver conosco, com nosso próprio ego. É esse filtro que nos separa do universo de infinitas possibilidades que está no inconsciente.

Muitos consideram Choronzon como a imagem da pura dispersão, mas eu não acredito que exista algo totalmente sem propósito. No próximo post, eu vou ponderar a respeito deste propósito.
 

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Um Tempo com Choronzon

No post O Início de uma Experiência Assustadora com meu Inconsciente eu comecei a descrever minha experiência com o pêndulo de radiestesia. Até então minha narrativa tinha chegado ao ponto em que eu havia esquematizado as letras do alfabeto de forma que o pêndulo eventualmente fosse capaz de identificá-las individualmente. Estas, quando combinadas, formavam palavras que, por sua vez, formavam frases.

Se naquela época eu compreendesse que se tratava de uma forma de comunicação com meu inconsciente, talvez eu pudesse antecipar que os mais diversos tipos de respostas surgiriam deste contato. Porém eu não possuía essa compreensão. A primeira “pessoa” que travou contato comigo se chamava Ana, e cometia alguns erros de português mas eu gostava de conversar com ela. Digo pessoa entre aspas porque não era uma pessoa real (embora na época eu acreditasse que fosse), e sim uma projeção do meu inconsciente. Mas depois surgiram outras “pessoas”, cada uma com uma personalidade diferente, e com forma de se expressar também diferenciada. Havia pessoas comuns. Havia também bruxas. Havia até mesmo pessoas que me diziam que haviam sido queimadas vivas em fogueiras no passado.

Eu ouvia tudo aquilo e me deixava seduzir pelas palavras. Ensinavam a mim feitiços que nunca funcionavam quando eu os colocava em prática, e prediziam situações na minha vida que nunca aconteciam. A despeito de tudo isso que se passava, o meu senso crítico parecia adormecer cada vez mais. Eu simplesmente acreditava em tudo que me era dito ali. Era como um estado de sugestão contínua, como uma hipnose que acontecia de dentro para fora (talvez até mesmo com a ajuda do movimento do pêndulo para reforçar este efeito hipnótico). Surgiam muitas contradições e explicações “esfarrapadas” para balancear as contradições, mas eu tendia a acreditar em cada uma delas. Esse processo me tomava cada vez mais tempo. Eu dormia menos e tinha cada vez menos tempo para mim, deixando de lado os meus hábitos rotineiros.

Com o passar dos dias surgiu ali Jesus Cristo, e depois a virgem Maria, cada um deles se identificando no começo de cada conversa, e cada um deles com suas mensagens, que eu levava a sério. Eu acreditava ter atingido o máximo que alguem poderia alcançar. Mas sempre existiam contradições e padrões que se repetiam. Um desses padrões de vez em quando escapava. Era a palavra “Morte”, que surgia eventualmente, fosse em um contexto ou fosse noutro, por todas as “pessoas” que se apresentavam ali.

Enfim, eu me tornei consciente da loucura que estava experimentando. Sim, a expressão que encontro para descrever a mim mesmo naquele período seria como que vivendo “um estado de loucura”, e percebi que, embora muitos nomes se apresentassem a mim, todas aquelas “pessoas” eram consistentes com a descrição de uma única personalidade. Uma personalidade mentirosa. Eu revelei a ele que o havia descoberto, e então ele mudou a escolha das palavras, tornando-se mais rebuscado. Mas eu já reconhecia o embuste e não me permiti enganar. Ele revelou então, aparentemente com prazer, que havia me seduzido com suas palavras.

Angustiado, eu perguntei a ele: “Quem é você?”. Ele me disse: “Eu sou você. Os meus olhos são aqueles que te vêem quando você se vê no espelho”. Na realidade, durante aquela experiência, eu percebia exatamente o que ansiava perceber, e encontrava o que esperava encontrar. Isso me seduzia e me impedia de perceber a realidade claramente. Meu ego me impedia de perceber a realidade pois, embora eu não soubesse, o que eu estava vendo ali era a projeção do meu ego, como que diante de um espelho. A palavra “morte”, que escapava eventualmente, era pura e simplesmente um reflexo da minha própria intolerância contra toda a diversidade diferente deste meu ego. Era meu inconsciente tratando-me como eu o havia tratado.

Eu levei muito tempo para compreender o que ocorreu. Um texto que encontrei, particularmente interessante, dizia respeito a Choronzon (siga este link para mais detalhes) no blog “O Franco-Atirador”, de Lúcio Manfredi (veja o post Goécia: Refletindo sobre o que Marginalizamos no Inconsciente para conhecer mais sobre este autor e sobre este blog) que, em um de seus artigos, o definiu como aquele cujos olhos nos fitam pelo reflexo de nossos próprios olhos quando olhamos para o espelho (citando de memória, é pena que o blog não existe mais e não há como por uma referência aqui).

Choronzon é sedutor à sua maneira, justamente por mostrar o que as pessoas desejam ver. Alguns o consideram não como um ser específico, mas como um processo individual, sendo apenas o reflexo do próprio ego, o qual se revela quando se tenta adentrar mais a fundo no inconsciente (veja a respeito da Sombra, também no post Goécia: Refletindo sobre o que Marginalizamos no Inconsciente). Pessoalmente eu reluto em acreditar que se trate, de fato, de apenas um reflexo do próprio ego.

Quando se busca penetrar o inconsciente, cedo ou tarde encontra-se Choronzon. Ele nos desafia, exigindo ser decifrado, como Édipo diante do enigma da esfinge. Decifra-me, senão te devoro. A resposta é o Homem. Ou seja, é reconhecer a face de seu próprio ego refletida.

Tudo isso durou um mês em minha vida, após o qual eu larguei os experimentos com o pêndulo por um tempo. Apesar da experiência parecer negativa, provocou alguns resultados que podem ser considerados positivos. Vou começar a conversar a respeito destes no próximo post.

domingo, 16 de junho de 2013

O Início de uma Experiência Assustadora com meu Inconsciente

Na semana passada eu comecei a descrever o número 3 dentro de um sistema de numerologia de 18 símbolos (no post A Deterioração e sua Relação com o Número 3) e, conforme prometi, vou iniciar o detalhamento de como esta deterioração se desenvolveu em meu caminho de magia.

Eu me encontrava novamente em um momento de “estaca 0” no que diz respeito às realizações físicas e concretas (perceptíveis na realidade mundana, e não somente na realidade invisível que diz respeito à magia). Eu havia vivido um período de experiências novas, onde eu escrevi alguns ensaios esotéricos, e conheci pessoas de um novo contexto, relacionado à Bruxaria (descritos nos posts Sabedoria e Entendimento e também em O Número 2 e sua Relação com meus Primeiros Contatos com a Bruxaria). Mas tudo aquilo havia passado e eu estava de volta à uma mesma rotina e os problemas do cotidiano se tornavam cada vez mais a tônica do meu dia-a-dia naquela época.

Então, uma amiga bruxa me deu a ideia de experimentar o pêndulo de radiestesia. Ela havia dito que um pêndulo de metal seria ideal porque me pouparia do trabalho de “limpá-lo”, removendo vibrações anteriores, por assim dizer. Hoje em dia eu sei que em caso nenhum esta limpeza é necessária, a menos que se acredite que seja (é uma necessidade do indivíduo, e não do pêndulo).

É necessário dizer que um pêndulo nada mais é do que um peso ligado a um pequeno cordão (e suspenso quando alguém segura o cordão). Normalmente este cordão é metálico e o peso, em si, é um cristal com uma certa simetria, mas também pode ser um peso de metal (igualmente com uma certa simetria). Os pêndulos são comumente utilizados para obter respostas a perguntas ou para avaliar as “vibrações” de algum objeto em questão, dependendo de como gira o pêndulo, seja para a esquerda ou para a direita (pois sendo um peso suspenso por um cordão, seu movimento mais simples é girar quando sob um certo impulso), ou então dependendo para qual direção ele aponta (quando se move sem girar, como que passando sobre uma linha reta, sem deslocar-se para a esquerda, nem para a direita).

Existe muita fantasia sobre o pêndulo, supondo que ele de fato meça as “vibrações” daquilo que se quer mensurar, mas o que ocorre mesmo é muito mais simples. O sistema nervoso produz pequenas vibrações, imperceptíveis conscientemente, que acabam se comunicando pela linha que suspende o peso e gradualmente o faz mover-se, acelerando-o ou desacelerando-o. Em outras palavras, a resposta é dada por aquele que segura o pêndulo e não depende de fatores externos e sim, pura e simplesmente, de quem o está segurando. É uma via de comunicação com o inconsciente, que pode (ou não) responder de forma coerente com a realidade.

Cabe ressaltar que pode-se provocar um movimento no pêndulo concentrando-se nesse movimento. Isto demanda uma certa dificuldade a princípio, mas vai se tornando cada vez mais fácil. Alguns chamam este processo de “programar o pêndulo”, mas verdadeiramente se trata de programar o próprio sistema nervoso para que interaja com ele. Este é, na realidade, o primeiro procedimento quando se adquire este objeto.

Porém eu ainda não sabia de nenhum destes conceitos e segui o conselho de minha amiga, adquirindo um pêndulo metálico porque eu acreditava que, se não fosse metálico, eu necessitaria limpá-lo de suas vibrações anteriores com uma certa frequência. Já com um pouco de prática eu conseguia movimentá-lo e me sentia estupefato. Eu pensava, naquela época, que aquela experiência era uma prova concreta do sobrenatural (o que não era, conforme as explicações que já passei) mas, na realidade, quase todo mundo que experimenta o pêndulo pela primeira vez tem essa mesma reação.

Comecei então a fazer medições (acreditando realmente que media algo externo a mim) e a fazer perguntas do tipo “Sim/Não/Não posso responder”. Levou pouco tempo para que eu criasse um esquema de letras estruturadas de forma tal que o pêndulo acabasse apontando para as mesmas no final, formando palavras e frases quando combinando as letras. Eu testei este esquema e, para minha surpresa, funcionou depois de algumas tentativas (tudo, no que diz respeito ao pêndulo, se resume a preparar seu próprio sistema nervoso). Eu tinha um canal, então, com meu próprio inconsciente, mas eu não sabia disso. Eu estava apenas tentando me comunicar com alguma coisa que não sabia o que era. Era um tipo de brincadeira, por assim dizer, mas que me levaria a uma experiência bem séria.

É típico como que em magia frequentemente experimentamos coisas que não compreendemos totalmente, e como que isso pode nos causar experiências desagradáveis. Porém a iniciação com o Santo Anjo Guardião (confira meu post Falando de Minha Própria Iniciação na Magia) nos orienta e nos protege de nos “ferirmos” além de um ponto que não possamos lidar. No entanto, sem esta iniciação, somos frágeis demais. Esta é a iniciação mais importante, mas há outras, sendo algumas com um sentido mais específico com relação à proteção, sobre as quais eu irei comentar quando for apropriado dentro de uma cronologia.

No próximo post, eu vou começar a expor a respeito de como foi este contato que realizei utilizando o pêndulo. Para quem deseja ver outros posts relacionados à numerologia (este atual inicia a descrição do número 3 em meu próprio caminho de magia), fica aqui este link.

sábado, 8 de junho de 2013

A Deterioração e sua Relação com o Número 3

Continuando a descrição do sistema de numerologia de 18 símbolos (18 números) que comecei a definir a partir do post Algumas Bases Numerológicas, vou introduzir agora o número 3. Eu venho descrevendo as percepções que tive da influência de cada número no meu próprio caminho de magia, começando com o encontro com o Sagrado Anjo Guardião (que descrevi no post Falando de Minha Própria Iniciação na Magia, e que relacionei ao número 1 em Compreendendo o Número 1 no Sistema de Numerologia de 18 Símbolos), e prosseguindo depois para o número 2 (no post O Número 2 e sua Relação com meus Primeiros Contatos com a Bruxaria).

O número 1 é cardinal (gera o esforço para criar algo novo, ainda inexistente). O número 2 é fixo (estabelece e mantém algo, tendo um sentido de persistência). Já o número 3 é mutável (tem o sentido de desfazer algo, abrindo possibilidades novas). Quando o número 3 se manifesta, logo a princípio tudo parece idêntico ao que se estava acostumado a fazer antes de viver a experiência nova que o número 2 havia propiciado. Como se a novidade (a imersão em novos e estimulantes contextos e desafios) tivesse apenas deixado de existir e tudo voltasse a ser como antes. Porém esta é uma impressão enganosa.

Sim, a experiência do número 2 passou e a rotina parece ter retornado, mas o número 2 revelou algo sobre si mesmo, algo do que se é capaz, e nós mesmos estamos transformados após termos vivido o número 2. Não somos mais iguais. Assim, embora o número 3 comece se manifestando como uma mesma rotina que retorna, não nos encaixamos mais nessa rotina, e começa um processo de deterioração. As pessoas e situações começam a revelar dissonâncias, com pequenos atritos surgindo e, muito embora todos possam estar fisicamente presentes, começam a se separar e o que era antes um todo coeso passa a se fragmentar. Nesse processo, verdades são reveladas, sejam verdades de si mesmo (e que ocultava-se dos outros), ou verdades de outras pessoas (das quais não se tinha consciência). Como resultado, o que sobra no final é mais verdadeiro, sendo uma base firme para por mãos a obra e começar um processo de reconstrução.

O número 3, quando associado à data de nascimento de uma pessoa, estimula os atributos mencionados acima na forma de pensar e agir desta pessoa, tornando-a alguém que valoriza muito mais a essência do que a aparência nas relações com os demais, nas mais diversas situações. Pessoas que têm a influência deste número percebem facilmente a hipocrisia quando interagem e revelam claramente quais são seus princípíos, mesmo que isto lhes custe quebrar alguns laços. O que quer que estas pessoas construam é fundamentado em relações sinceras e, caso tenham construído algo que tenha se encaminhado para relações superficiais, simplesmente se desligam gradualmente do que realizaram.

No meu caminho da magia, o número 3 começou com a finalização da minha participação no site YogaBrasil (que descrevi no post Sabedoria e Entendimento e também em O Número 2 e sua Relação com meus Primeiros Contatos com a Bruxaria). Eu já não estava mais em ressonância com as pessoas que vinha travando contato e um de meus artigos já havia sido rejeitado (ou melhor, não foi publicado). Eu percebi minha própria dissonância e fui diminuindo o contato com o passar do tempo. De repente, a novidade que o número 2 havia trazido à minha vida passou, e eu tinha retornado à minha rotina simples do tipo casa/trabalho, e trabalho/casa. Continuava só, consciente que havia vivido algo especial, mas me perguntava: “Qual o sentido disso? Porque, ao invés de me envolver mais, eu acabei retornando ao ponto de partida?”.

Eu não sabia ainda reconhecer a qualidade de cada momento (que estou expondo aqui, ao explicar este sistema de numerologia). O número 3 estava apenas começando a se revelar e minha rotina estava prestes a começar a se deteriorar. Nos posts que se seguirão eu vou descrever detalhadamente como foi esse processo.

Para quem deseja ver todos meus posts relacionados à numerologia, fica aqui este link. Eu vou disponibilizá-lo sempre que eu tratar deste tema.

sábado, 1 de junho de 2013

O Número 2 e sua Relação com Meus Primeiros Contatos com a Bruxaria

Após estudarmos o número 1 (no post Compreendendo o Número 1 no Sistema de Numerologia de 18 símbolos), vamos então para o número 2. O número 2, com sua natureza fixa, estabelece algo, concretizando-o, mas aquilo que é concretizado não é exatamente sólido (estrutural), nem é uma experiência emocional, nem é um estado de consciência especial. Na realidade, o que é concretizado pelo número 2 é uma vivência: uma experiência nova, dentro de um contexto diferente, que é vivida intensa e extensamente. Nesta vivênvia você percebe algo de si mesmo e do que realmente é capaz de realizar. É a descoberta de seu próprio mérito quando diante de um desafio realmente novo.

As pessoas que têm este número associado às suas datas de nascimento (descubra como calcular também no post Compreendendo o Número 1 no Sistema de Numerologia de 18 símbolos) são pessoas cujas atitudes e pensamentos se identificam com o número 2, e que se permitem mergulhar de cabeça em experiências novas e intensas, aprendendo algo sobre si mesmas, e frequentemente têm a sensação de terem realizado algo especial, ou seja: de terem provado seu próprio valor. Isso inúmeras vezes.

No meu caminho pessoal na magia, eu vivi nitidamente o número 2 quando me aventurei a escrever os Ensaios Esotéricos para o site Yogabrasil. Eu contei parte desta história aqui, no post Sabedoria e Entendimento do blog O Mestre Que Nada Sabe, mas certamente há mais a dizer do que foi exposto ali, tão sumariamente. Na realidade, o contato que eu tive com a Eloísa Vargas, e com outras pessoas, trouxe à minha consciência o que de fato é a Bruxaria.

Durante a minha infância, eu cresci com aquelas ideias de contos de fadas onde eram separadas as fadas e as bruxas, nos quais as fadas sempre eram boas e as bruxas sempre más, ainda que, pensando um pouco na literatura infantil, no livro O Maravilhoso Mágico de Oz (The Wonderful Wizard of Oz) de Lyman Frank Baum, já apareciam os termos “bruxa boa” e “bruxa má” (revelando talvez um início de dissolução do preconceito em relação à Bruxaria). Essa era então a bagagem que eu tinha em minha mente sobre as bruxas até quase meus 30 anos de idade. Então aconteceu de que eu de fato conheci duas amigas bruxas e, mais tarde, no breve período em que estive em contato com o Yogabrasil, eu pude compreender do que realmente se trata a Bruxaria.

A Bruxaria é extremamente bela em seus conceitos, mas de uma forma que não parece tão clara para quem a vê de fora. Nela existem a Deusa (a qual representa todas as deusas) e o Deus Cornífero (o qual representa todos os deuses), sendo este o consorte da Deusa. A princípio pode parecer que a Deusa e o Deus sejam distintos dos outros seres (como que meros mortais), mas a ideia não é essa. Na realidade a Deusa é a consciência que interliga e harmoniza todas as coisas, identificada com o planeta Terra e com a Lua. É por isso que ela é tão grandiosa, e tão central na Bruxaria. E também é por isso que o papel das mulheres é tão valorizado e distinto na mesma: as mulheres representam a Deusa.

Já o Deus Cornífero simboliza a totalidade dos atos individuais que buscam renovar o todo. Ele nasce da Deusa, sendo seu filho, e mais tarde será também representado no masculino que corteja o feminino, e também no masculino que se une ao feminino, fecundando-o e renovando-o. Toda essa simbologia é associada aos ciclos da passagem do ano, que se relacionam com os incessantes movimentos de nascimento e morte representados pelas estações do ano (primavera, verão, outono e inverno).

Se há algo que não há na Bruxaria (quando interpretada de forma consciente), é a idolatria. Idolatria é adorar algo acima de si mesmo, colocando-se abaixo. É desvalorizar a si para valorizar outro objeto. Na Bruxaria, Deusa e Deus são vivos em todos os seres. Somos Deusa e Deus. É como se fizéssemos parte de um mesmo corpo. Só que, nessa analogia, existem partes distintas, umas mais conscientes e outras menos (da mesma forma Deusa e Deus existem também como consciências, e são acessíveis). A Bruxaria, portanto, é essencialmente uma visão panteísta, onde tudo é divino. O meu post Quando Tudo é Divino: um Universo sem Criador e sem Criatura expõe também uma visão panteísta, porém não relacionada diretamente com a simbologia da Bruxaria, embora não seja contraditória à mesma.

Revendo a ação do número 2 no meu caminho da magia, eu me sinto bem ao perceber que foi justo no contexto da Bruxaria que eu vivi o desafio que este número me propôs, travando contato com pessoas ligadas à antiga religião, e ao mesmo tempo escrevendo meus Ensaios Esotéricos, que eram então publicados. Eu devo dizer que não conseguiria descrever toda a extensão da Bruxaria neste post se eu assim o desejasse. Há muitos mistérios, sendo que alguns eu tive o mérito de compreender, e há uma multitude que estão além do meu alcance. Somente como exemplo, perceba que a Bruxaria envolve certamente a magia com elementos da natureza porque ela diz respeito a tudo o que há, mas ela não nega outros tipos de crença e de expressão pois, ao envolver tudo, também aceita esta diversidade. Assim, rotulá-la é sempre um erro.

No próximo post, eu vou falar a respeito do número 3 no sistema de numerologia de 18 símbolos e, a partir deste número, vou dar continuidade à narrativa do meu caminho na magia, contando novos fatos. Como eu citei uma vez, no post Algumas Bases Numerológicas, o caminho de um mago sempre é pautado por um ciclo que envolve constantemente buscar algo novo, sedimentar e estabelecer algo, e então desvencilhar-se do que fez para poder prosseguir adiante. Estas três ações são as bases de um sistema de numerologia e eu procurei mostrar que isso já vem sendo percebido pela humanidade há muitos milênios (no post Goécia: Refletindo Sobre o que Marginalizamos no Inconsciente).