sábado, 11 de maio de 2013

Goécia: Refletindo Sobre o que Marginalizamos no Inconsciente

No post Algumas Bases Numerológicas eu demonstrei como o caminho de um mago pode ser pautado por um ciclo que se inicia pela busca de uma transformação visando criar algo novo, seguida por uma ação de fixação (no sentido de maturar algo que se criou mas ainda não possui solidez), e então seguindo-se da quebra de estagnações com o objetivo de que possa existir novamente a possibilidade de se buscar algo novo. Eu também demonstrei neste mesmo post o motivo da adoção de 18 símbolos (os números de 1 a 18) em um sistema de numerologia no qual este ciclo de três ações básicas se repetem diversas vezes. O que falta é responder a questão: porque isto ocorre? Porque estes números necessariamente irão fazer-se sentir no caminho do mago?

O motivo tem a ver com uma arte extremamente mal compreendida, tanto agora quanto no passado, que se denomina Goécia. Acreditava-se (e ainda acredita-se por muitos) que a Goécia tenha como objetivo subjugar demônios internos ocultos no inconsciente (isso seria feito por magos negros). O objetivo seria controlá-los e obter favores dos mesmos. O que se diz é que Salomão dominou estes demônios impondo-lhes o seu selo (que os continha). Segundo a Goécia, seriam ao todo 72 demônios. A questão é que estes demônios não são verdadeiramente demoníacos. A forma e natureza malígna que possuem nada mais são do que o conceito que criamos sobre o que nos é oculto no subconsciente, sobre o qual acreditamos não se encaixar com ideias simplistas do que é o "certo", sendo que tudo o que desafia este "certo" a transcender-se, passa a ser considerado "errado".

Lúcio Manfredi, roteirista da Globo, escreveu o artigo Uma Nova Goécia nos tempos em que mantinha seu blog O Franco-Atirador. Pena que o blog não existe mais. Digo isso porque o conteúdo que existia ali era exposto de uma forma única, com inúmeras referências bibliográficas, mas ao mesmo tempo de uma forma brilhantemente crítica. Lúcio Manfredi é um mago que teve seu encontro com o Sagrado Anjo Guardião, o qual ele denomina SAGA (veja meu post Falando de Minha Própria Iniciação na Magia para conhecer minhas próprias impressões a este respeito). Mesmo não existindo mais o blog do Franco-Atirador, ainda existe um outro blog referente ao ocultismo, criado pelo mesmo autor mas mantido por outros colaboradores: é o Anoitan (“Se sempre há um amanhã, sempre há um anoitã.”, na própria descrição do blog).

No meu post Expandindo a Consciência Além do Ego, eu ofereço alguns detalhes adicionais a respeito da chamada sombra (usando o termo de Carl Gustav Jung) que reprimimos e que se oculta dentro do insconsciente de todos nós. É interessante perceber que nem sempre estas forças foram consideradas malígnas, ou mesmo sequer benígnas. É o caso dos gênios, referidos na doutrina islâmica. Segundo a tradição, acredita-se que Salomão os conteve e subjugou através de seu selo. Por coincidência ou não, é justamente na surata de número 72 do Alcorão que é definida a natureza dos gênios (siga este link do site Conhecer o Islã para saber mais a este respeito). Existem também os 72 anjos cabalísticos (também conhecidos como gênios).

Mas qual é a relação entre o número 18 com o número 72? É simples: 72 é 18 vezes 4. Como vimos no post Algumas Bases Numerológicas, o número 18 refere-se a ciclos de tempo. Já o número 4 é uma alusão ao espaço (seja como os pontos cardeais indicando o Norte, o Sul, o Leste e o Oeste, ou seja como os tradicionais elementos da natureza, sendo estes o Fogo, a Terra, o Ar e a Água). O número 72 simboliza então: a ação no tempo (o número 18) combinada com a ação no espaço (o número 4). O mago, ao mesmo tempo que tem sua história no tempo, também tem no espaço. É a imagem de um círculo espaço-temporal que se repete e se expande cada vez mais, formando uma espiral que parte de si mesmo. Isso quer dizer que o ciclo de 18 números que determinamos como base de um sistema de numerologia é algo para ser vivenciado inúmeras vezes (não pense apenas em quatro vezes por causa do número 4, pois os símbolos não são literais), como que caminhando por uma espiral.

Na semana que vem eu vou começar a descrever este ciclo que vai do número 1 ao número 18. O objetivo é aprofundar cada pequeno elemento de uma curva única e isolada da espiral, formando todos estes elementos, juntos, 360 graus, tendo em mente que esta espiral tende a se expandir, repetindo-se novamente. Esta experiência cíclica (na qual se interage com o inconsciente) é o verdadeiro sentido que se oculta na Goécia.

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