No
ocultismo, há aqueles que atingem seus objetivos, mesmo a duras penas,
porém há outros que jamais o conseguem, culminando com o reconhecimento
pleno e dolorido de suas ilusões. O que diferencia a experiência bem
sucedida da experiência do fracasso? A resposta está ligada à iniciação,
sendo que esta é o ato mais importante para qualquer avanço no que diz
respeito à magia. Ocorre que não se trata de um fenômeno que depende só
do iniciado pois diz respeito ao ingresso do neófito dentro de uma
egrégora, a qual pode ser definida como uma grande rede de ressonância
criada por muitos outros anteriores àquele que pretende se iniciar.
Assim, a iniciação é a aproximação de uma coletividade de seres, sendo
um visível (o neófito) e uma pluralidade invisível. É essa pluralidade
que pavimenta o caminho de quem segue junto com ela, e o sucesso ou o
fracasso são simplesmente a diferença entre caminhar-se sozinho ou em
companhia, mesmo que não se possa ver esta companhia com os olhos
físicos.
A
iniciação é o encontro de algo antigo (a egrégora) com algo novo
(aquele que é iniciado). É uma aproximação que ocorre de duas direções,
como que os dois lados de um espelho, com duas imagens cada vez mais
próximas, até que se fundam em um único ser. Nas mais diversas tradições
este encontro é preparado, de forma que o neófito se torna cada vez
mais congruente com a egregóra na qual vai adentrar. O momento
definitivo é a fusão entre ambos. As demais pessoas envolvidas, e os
rituais que realizam, ajudam a catalizar este momento, porém apenas o
facilitam. A essência do momento em si é pessoal, representando algo
diferente para cada um, mesmo que não possa ser compreendida de forma
plena a princípio.
Mas
o que é que acontece quando há a auto-iniciação? Ela é possível? Sim,
mas nesse caso a egrégora também aproxima-se gradualmente daquele que
pretende iniciar-se, mesmo sem a participação de outras pessoas. É claro
que, nessa circunstância, a iniciação pode ser mais difícil por não
existir uma preparação devidamente orientada. Mas uma vez consumada, ela
é autêntica, seja através de uma tradição ou não. É assim que surgem os
primeiros iniciados das tradições, embora isso não queira dizer que
todos os auto-iniciados irão criar suas próprias tradições. Nada
disso... Mas fica visível aqui o papel da egrégora também. Antes mesmo
de alguém decidir-se por ser iniciado, o indivíduo é aceito pela
egrégora. Sem essa aceitação, todo seu esforço é em vão. O que
“condiciona” esta aceitação é o mérito que cada um consegue atribuir a
si próprio. Para assumir um papel, você precisa ser aquele que deve
assumi-lo. Ressalta-se que não se pode fingir este mérito. É algo que se
é ou não é. Assim, conhecer-se, aceitar-se, e buscar ser pleno, é a
forma de desenvolver-se neste sentido. Na bruxaria, esse é o propósito
do período mínimo de preparação de um ano e um dia antes da iniciação.
A
iniciação o coloca dentro de um círculo, com finalidades únicas, no
qual é possível fazer parte do mesmo e que está também, em grande
medida, isolado daqueles que não obtiveram o mérito de integrá-lo. É
importante ressaltar que estar em um círculo é o primeiro passo para
desenvolver-se no mesmo e que este é um processo gradual. Na realidade,
de tempos em tempos ocorrem outras iniciações em círculos menores dentro
do círculo maior. A natureza destes passa a fazer parte da natureza da
magia do iniciado, que já pode ser considerado um mago no começo de seu
caminho.
Desenvolver-se
em um círculo é trazer seus atributos à própria vida e isso é o que
determina largamente a diferença entre vencer e falhar nos mais diversos
objetivos. Mesmo sem consciência destes conceitos, há pessoas que se
destacam em objetivos diversos, enquanto outros, mesmo com atitudes
semelhantes, não são bem sucedidos. O motivo é a qualidade das relações
com o invisível que cada um possui.
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