sábado, 9 de março de 2013

Preparando-se para Iniciar-se Como Mago

No ocultismo, há aqueles que atingem seus objetivos, mesmo a duras penas, porém há outros que jamais o conseguem, culminando com o reconhecimento pleno e dolorido de suas ilusões. O que diferencia a experiência bem sucedida da experiência do fracasso? A resposta está ligada à iniciação, sendo que esta é o ato mais importante para qualquer avanço no que diz respeito à magia. Ocorre que não se trata de um fenômeno que depende só do iniciado pois diz respeito ao ingresso do neófito dentro de uma egrégora, a qual pode ser definida como uma grande rede de ressonância criada por muitos outros anteriores àquele que pretende se iniciar. Assim, a iniciação é a aproximação de uma coletividade de seres, sendo um visível (o neófito) e uma pluralidade invisível. É essa pluralidade que pavimenta o caminho de quem segue junto com ela, e o sucesso ou o fracasso são simplesmente a diferença entre caminhar-se sozinho ou em companhia, mesmo que não se possa ver esta companhia com os olhos físicos.

A iniciação é o encontro de algo antigo (a egrégora) com algo novo (aquele que é iniciado). É uma aproximação que ocorre de duas direções, como que os dois lados de um espelho, com duas imagens cada vez mais próximas, até que se fundam em um único ser. Nas mais diversas tradições este encontro é preparado, de forma que o neófito se torna cada vez mais congruente com a egregóra na qual vai adentrar. O momento definitivo é a fusão entre ambos. As demais pessoas envolvidas, e os rituais que realizam, ajudam a catalizar este momento, porém apenas o facilitam. A essência do momento em si é pessoal, representando algo diferente para cada um, mesmo que não possa ser compreendida de forma plena a princípio.

Mas o que é que acontece quando há a auto-iniciação? Ela é possível? Sim, mas nesse caso a egrégora também aproxima-se gradualmente daquele que pretende iniciar-se, mesmo sem a participação de outras pessoas. É claro que, nessa circunstância, a iniciação pode ser mais difícil por não existir uma preparação devidamente orientada. Mas uma vez consumada, ela é autêntica, seja através de uma tradição ou não. É assim que surgem os primeiros iniciados das tradições, embora isso não queira dizer que todos os auto-iniciados irão criar suas próprias tradições. Nada disso... Mas fica visível aqui o papel da egrégora também. Antes mesmo de alguém decidir-se por ser iniciado, o indivíduo é aceito pela egrégora. Sem essa aceitação, todo seu esforço é em vão. O que “condiciona” esta aceitação é o mérito que cada um consegue atribuir a si próprio. Para assumir um papel, você precisa ser aquele que deve assumi-lo. Ressalta-se que não se pode fingir este mérito. É algo que se é ou não é. Assim, conhecer-se, aceitar-se, e buscar ser pleno, é a forma de desenvolver-se neste sentido. Na bruxaria, esse é o propósito do período mínimo de preparação de um ano e um dia antes da iniciação.

A iniciação o coloca dentro de um círculo, com finalidades únicas, no qual é possível fazer parte do mesmo e que está também, em grande medida, isolado daqueles que não obtiveram o mérito de integrá-lo. É importante ressaltar que estar em um círculo é o primeiro passo para desenvolver-se no mesmo e que este é um processo gradual. Na realidade, de tempos em tempos ocorrem outras iniciações em círculos menores dentro do círculo maior. A natureza destes passa a fazer parte da natureza da magia do iniciado, que já pode ser considerado um mago no começo de seu caminho.

Desenvolver-se em um círculo é trazer seus atributos à própria vida e isso é o que determina largamente a diferença entre vencer e falhar nos mais diversos objetivos. Mesmo sem consciência destes conceitos, há pessoas que se destacam em objetivos diversos, enquanto outros, mesmo com atitudes semelhantes, não são bem sucedidos. O motivo é a qualidade das relações com o invisível que cada um possui.

Nenhum comentário:

Postar um comentário