sábado, 16 de março de 2013

O Maior Círculo em que Alguém Pode se Iniciar

No post Preparando-se para Iniciar-se como um Mago, eu coloquei algumas considerações a respeito da iniciação, a qual significa passar a comungar com uma egrégora, tornando-se parte de um círculo, entendendo por círculo algo que une e protege o que está dentro de si, de uma forma distinta daquilo que está fora do mesmo, existindo uma infinidade de egrégoras (formas-pensamento, ou redes de ressonâncias criadas por uma coletividade de seres). Hoje em dia, o termo Mago tem múltiplas conotações, de forma que há os que se consideram magos brancos ou magos negros, e outros um tanto indiferentes a estas classificações, principalmente no que diz respeito a muitos magos do caos. No entanto, existe uma acepção mais nobre desta palavra e simplesmente fazer parte de uma egrégora não qualifica alguém neste sentido.

Na verdade há um Círculo maior, cuja natureza eu já comecei a discutir no post Quando Tudo é Divino: um Universo sem Criador e sem Criatura, onde coloquei o postulado de que a divindade está em tudo, e assim de fato tudo é a divindade, de forma que não existe nada que não a seja. A totalidade do que existe pode ser comparada a um organismo e, neste organismo, cada parte tem funções distintas. Se pensarmos neste como o ser humano, o Círculo seria o centro da consciência, o cérebro por assim dizer. A iniciação em relação a este Círculo, esta sim, é o que caracteriza um verdadeiro mago. Não que esta iniciação seja exclusiva, mas ela deve ser a base para as demais. Quando esta fundamenta o desenvolvimento na magia, tudo o mais que se segue é essencialmente branco.

A essência do Círculo é incognoscível se tentarmos dissecá-la em partes lógicas menores, tentando assim detalhar toda sua estrutura. O motivo é que não se trata de uma construção estagnada, sendo na realidade um objetivo constante, um ideal, sempre aliado à criatividade e inteligência em movimento. O fato é que todos os pontos do universo são perceptivos ao universo inteiro, com cada ponto sentindo este universo, mesmo que inconscientemente. Assim, todo o universo encontra-se representado em todas as partes que o formam. O que está acima é como o que está abaixo. Ou, tal como na oração cristã, assim na Terra como no Céu. Dentro de cada parte, representa-se a totalidade (a essência de cada parte é, dessa forma, a totalidade). Ou seja, a essência de tudo o que há é tudo o que há. Esta mesma essência, quando criou sinergias em si mesma, criou o Círculo. A consciência brotou da inconsciência (que era consciência potencial).

Hà um conceito de vida que vai além dos processos biológicos. Tudo é energia e consciência em potencial. Quando esta energia se organiza, a consciência se organiza. A partícula que faz um átomo é um ser em si, da mesma forma que o átomo é um ser em si, mesmo sendo uma pluralidade de partículas. O mesmo vale para as moléculas e para as células e para os seres multicelulares. Somos todos comunicantes e integrados. A dor de um reflete-se no todo. A satisfação de um reflete-se no todo. Daí que um dos fundamentos do Círculo, é a realização de todos os seres, em qualquer nível de abstração. Isso é impossível de explicar, mas não é impossível como objetivo. Quando existe um objetivo, você pode até falhar, mas vai continuar tentando. Assim, a essência do Círculo não é um mecanismo intrincado, e sim uma direção comum. Quanto mais sinergia surge nesse sentido, mais forte este se torna, e mais perfeitos são seus resultados. Essa essência visa afirmar a tudo e nada consegue negá-la. Nesta essência não há a separação entre os seres: não existe mal, nem bem. Existe apenas a unidade. O Círculo está acima das tradições, acima de todas as religiões, e de todas as separações. Tudo emana dele e não há nada que não emane do mesmo.

Todos os posts que escrevi até agora dizem respeito a congruir quem se é, descobrindo o próprio significado e encontrando, assim, o Círculo em si mesmo. É intrigante como encontramos estes conceitos dentro de nós quando os procuramos com todo nosso esforço e imaginação. É mais intrigante quando percebemos que não estamos sós nestas conclusões (pois outros chegam e já chegaram às mesmas) e verificamos assim que o universo realmente é comunicante e partilha de uma consciência comum. Quando esta congruência de si mesmo acontece em toda sua intensidade é o verdadeiro momento de iniciação em relação ao Círculo. Eu suspeito que não exista como prever o exato momento em que isso acontece. Esta iniciação é uma experiência de contato com o que se passou a chamar, em português, o SAG (Sagrado Anjo Guardião), ou HGA (Holy Guardian Angel, em inglês). Se bem que estes termos são apenas interpretações desta experiência, ligadas a crenças específicas. A experiência real, frequentemente, nada tem a ver com as noções de anjos que nos foram incutidas. Os posts que vou escrever a partir de agora vão se focalizar no que vem após esse momento da iniciação com o Círculo embora, é claro, muitos ainda terão um teor reflexivo que pode ser utilizado na congruência inicial.

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