Uma
crença comum é que, uma vez que se esteja em um caminho evolutivo na
magia, as relações com as pessoas em geral tendam a se harmonizar, com
uma consequente redução de conflitos. No entanto, a busca pelo
transcendente sempre é, em larga medida, solitária, uma vez que a grande
maioria das pessoas permanece de forma estacionária, presa em questões
cotidianas do mundo que percebe como concreto. Assim, desenvolver-se
significa opor-se eventualmente.
Este
é um dos motivos de não ser simples para um observador externo, mesmo
sendo experiente na magia, avaliar corretamente a “eficiência” de outra
pessoa (ou a correção de seus princípios) através de resultados ruins
que sejam verificados. Os resultados ruins podem variar desde a falta de
resultados (o que é comum em períodos em que o foco é a preparação
interna) até resultados claramente contrários. Pode ser o caso de se
estar iludido quanto às bases do que se está construindo, mas há também
outra possibilidade. Ocorre que a melhor forma da magia se realizar é
pelo caminho mais simples, de menor resistência, e esse caminho sempre
passa pela transformação da consciência individual. Afinal não faz
sentido ter atitudes e pensamentos contrários ao que se pretende
realizar, sendo sempre necessário harmonizar a própria consciência.
É
preciso que se perca ilusões sobre a aparente harmonia que existe com
outras pessoas, uma vez que esta harmonia não se origina de naturezas
que se complementam, e sim de naturezas que não se expressam. Então essa
expressão deve ocorrer, surgindo conflitos, até que seja possível
existir o discernimento entre as ressonâncias e as dissonâncias, e a
consciência assim se amplie. É comum, então, perceber-se “isolado na
multidão”. Este isolamento é uma sensação que periodicamente volta a
ocorrer, e o aprendizado do propósito deste ciclo não é algo meramente
teórico, envolvendo diversas experiências pessoais que frequentemente
levam muito tempo e são difíceis, até que se adquira compreensão, e
dessa forma, não se sinta tanto sofrimento com as dissonâncias que
eventualmente ocorram, e sim se perceba que trata-se de uma dinâmica
natural cujo fim é sempre levar ao aprendizado.
Enquanto
o aprendizado não vem, sempre há uma possibilidade maior de erros. Um
dos erros mais frequentes é a insistência em padrões antigos de decisão e
de ação que aguçam ainda mais os conflitos, tornando-os mais danosos e,
possivelmente, até mesmo irreversíveis. Se de fato o mago está criando
uma sólida rede de ressonância, esta irá apoiá-lo e ajudá-lo a amenizar o
impacto de suas falhas. Daí que, embora não seja possível avaliar com
segurança alguém por seus erros de julgamento, é possível ter uma
demonstração positiva da solidez do que foi construído pelo mago (em
termos de ressonâncias internas) através da forma que supera os
obstáculos, tornando-se melhor, e menos suscetível aos mesmos erros, à
medida que o faz.
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