Um
dos maiores obstáculos no caminho de um mago, que verdadeiramente pode
lhe impedir de atingir maiores realizações (e até mesmo regredir) é, por
mais estranho que possa parecer, as próprias realizações que já
conquistou.
O
fato é que é mais fácil manter um ideal quando não se tem nada a
perder, mas quando obtemos os primeiros frutos palpáveis temos diante de
nós um dilema: será que invisto ainda mais, podendo perder isto que já
consegui, ou será que desisto da minha busca e fico com o que consegui?
As
pessoas frequentemente se esquecem do porquê de terem “chegado aonde
chegaram”, ignorando as relações que cultivaram no inconsciente e, até
mesmo, afirmando para si mesmas que toda a busca na magia não passou de
uma ilusão, e que tudo se deu apenas pela boa sorte e também pelo
próprio esforço. Duvidam do que acreditavam e realizaram. Pensam que
poderiam ajudar aos que lhes são mais próximos se cuidassem daquilo que
já têm em mãos, e desistem, traindo tudo o que os apoiou até então. A
partir daí perdem a rede de ressonância que haviam criado, a qual
sustentava justamente aquela situação que tanto valorizavam. Pior, a
rede de ressonância se torna de dissonância. As coisas simplesmente
começam a dar errado, em vários sentidos, pois é mais fácil destruir
algo do que construir. Afinal, para destruir basta força bruta. E,
enfim, a pessoa está em um ponto pior do que quando começou. Trágico
isso, não é? Mas é real no que diz respeito a muitos casos.
Se
formos verificar onde ocorreu o primeiro erro, não foi no momento em
que se decidiu abandonar a magia, e sim na construção de toda a rede de
ressonância cuja motivação que a unia era imperfeita e ilusória. Na sua
forma mais perfeita, o fundamento desta rede deve ter um propósito bem
definido (o qual pode ser amplo), com base em um ideal pelo qual se
valha a pena consolidar a própria vida, de forma que não haja
arrependimento. Uma rede de ressonância não deve ser tratada como mero
utilitário que pode ser descartado a qualquer momento. É importante
considerar que ela pode perdurar por toda a vida, e até mesmo além da
vida física e, por isso mesmo, precisa ser criada corretamente. Os
valores que a permeiam devem basear-se na mais pura ética possível.
Percebendo-se uma falha neste sentido, deve-se estimular a rede para que
se torne melhor, mesmo que uma mudança a enfraqueça e a desestabilize
em um primeiro momento.
Não
devem existir dependências de trocas de favores dentro da rede, de
forma que toda ação deve ser espontânea e motivada por um ideal comum em
sua plena extensão. E havendo espontaneidade, isso implica na liberdade
de agir ou não agir, e de deixá-la ou de permanecer nela. Com estes
princípios efetivos, evita-se todos os erros mencionados acima, de forma
que se pode sair de uma rede de ressonância quando se deseje,
deixando-a livre para continuar agindo de forma independente. Porém,
nesse caso, quando a fundamentação é correta, raramente há o desejo de
abandonar a rede, embora isto seja possível.
Assim,
mais do que obter resultados, o mago deve procurar estabelecer
firmemente a correta fundamentação, não importa o tempo que isto leve.
Estabelecido o fundamento correto, outros fundamentos serão criados
(secundários) e, conforme se estabelecerem estes e outros, a realidade
física irá refleti-los. Deve-se procurar pensar e agir da forma mais
abrangente que seja possível para que a base seja perfeita. O modo de
pensar simplório, que não avalia as possíveis contradições de si mesmo,
não é capaz de criar uma rede nesse sentido. É claro que nem sempre
reconhecemos que somos simplórios e este é um dos riscos. Porém, ter
este risco em mente já é uma condição para agir em relação ao mesmo.
Este
post e os demais que já foram publicados têm a finalidade de ajudar a
evitar conclusões incorretas ou incompletas na criação de uma rede deste
tipo. Quanto aos resultados de uma rede de ressonância, há certas
circunstâncias em que, mesmo sendo bem fundamentada, ocorrem revezes.
Quanto a estas situações, posteriormente eu vou publicar novos posts a
este respeito.
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