sábado, 9 de fevereiro de 2013

Questionando o Modelo de Sucesso do Mundo

Muitas vezes eu escrevo sobre realização, em ser um artista que transforma o mundo ao redor a partir de si próprio, enfatizando que a realização não deve ser considerada um atributo meramente interno, mas também externo, para que seja completa. Porém, de uma forma inversa ao que muitos podem imaginar, a realização externa não significa adaptar-se plenamente aos padrões de sucesso no mundo. Não se trata de tornar-se excelente nas exigências exteriores, e sim de perceber sua própria essência, quem você é de fato, e de levar esta essência ao mundo. É apresentar algo novo ao invés de adaptar-se ao que foi definido por outros, e este algo novo a ser apresentado é você mesmo.

Alguns dizem, por exemplo, que uma pessoa de sucesso precisa estar motivada para trabalhar doze horas por dia e sete dias por semana e que, para se ter sucesso, é preciso dedicar tudo de si, sacrificando até mesmo as suas férias anuais e seu contato com a família. Ou então dizem que você deve aprender sobre todas as novidades para manter-se atualizado profissionalmente. Ou então algo mais banal, como a roupa que você veste que, em tese, condiz ou não com a imagem e o efeito que você quer causar. A ideia comum é que se deve estar sempre à frente de tudo o mais, competindo com tudo o mais, e vencer sempre, por mais difícil que isso seja.

De fato, este modelo comum de sucesso é algo cada vez mais difícil de ser realizado e, quando as pessoas questionam se está difícil demais, a resposta é que não há outra direção a seguir, senão esta, e que a única escolha está em ceder à fraqueza, e falhar, ou vencer os obstáculos e permanecer bem sucedido. E muitos acreditam nesta resposta, buscando expandir suas influências cada vez mais agindo de acordo com este conceito. A falha deste modelo é que é baseado em competição e, quanto mais se é capaz de expandir-se, mais competidores se encontra pelo caminho. Assim, eventualmente, não se é possível crescer mais. Neste ponto alguns ainda tentam crescer contra a oposição esmagadora, consumindo o que ainda têm.

Não que esteja errado trabalhar muito, seja em horas por dia, ou dias por semana. Tampouco está errado sacrificar-se por algo. Também não está errado buscar melhores qualificações profissionais. E, é claro, não há erro algum em você escolher o tipo de roupa que você considera mais adequada. O erro não está no que se faz e sim no porquê se faz. O trabalho deve ser motivado pela própria satisfação de realizá-lo. O sacrifício sempre deve ser por um ideal, por algo que se ama. O aprendizado sempre deve corresponder ao verdadeiro interesse. Você deve verdadeiramente se sentir bem com a roupa que veste (ou sentir-se coerente consigo mesmo em relação ao seu trabalho, caso tenha de estar uniformizado). A raiz de seus atos precisa estar ligada à você, aos seus propósitos, e não aos propósitos de outros.

Nenhuma das atitudes citadas é essencial, por mais que alguns apregoem que sejam. O mundo está cheio de possibilidades, com toda uma pluralidade de consciências que buscam outras que pretendam colaborar em seus objetivos, ao invés de competir. Há uma infinidade de caminhos que podem ser seguidos, ao invés dos poucos que tantos se empenham em fazer que acreditemos serem os únicos. O X da questão é procurar estes caminhos, encontrá-los, e embrenhar-se neles.

Na magia, há três etapas na busca destes caminhos. Na primeira etapa prepondera a preparação potencial interna, correspondendo ao esforço de congruência de si mesmo que culmina com a iniciação, passando então ao desenvolvimento das relações com o próprio inconsciente.

Na segunda etapa, há o impulso de expansão do que há dentro de si para fora, para o mundo que o cerca. Existe um ponto de equilíbrio perigoso, quando estruturas e relações externas quebram, ao mesmo tempo que uma estrutura nova se expande. É quando se aprende o que difere você de todos os demais que, até então, considerava que sempre fariam parte de seu caminho. Seria bom se essa lição pudesse ser aprendida sem erros e sem motivo de arrependimento causado pelos erros, mas não é o que acontece com frequência. É a desintegração da imagem que tem para que a mesma seja reconstruída.

Na terceira etapa, as novas estruturas amadurecem e se expandem mais ainda, e você vê sua realização em progresso. O que eu considero interessante neste ponto é que fatos improváveis acontecem (sob o ponto de vista de outras pessoas) pois o que liga você a tudo o que lhe realiza é uma conexão de essências (sua e de tudo o mais), contra todas as aparências, a despeito da ausência dos símbolos de status que o mundo costuma relacionar ao sucesso.

Em suma, o mundo busca apenas a opção para a qual está condicionado se direcionar. Não há nada de especial nesta opção, que está sob o olhar de muitos que competem por ela. A única forma de vencer nestas condições é sendo o melhor competidor, o que se torna cada vez mais difícil quanto mais se consegue expandir (pela expansão igual da oposição), mas não precisa ser assim. Quando uma pessoa especial encontra outra pessoa também especial, que compartilhe de seus ideais, não há competição, tratando-se de uma ligação única. E quando estas duas pessoas encontram uma terceira que compartilha do mesmo ideal, os laços se expandem, e prosseguem se expandindo conforme mais pessoas se unem, nas mesmas condições.

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