De
vez em quando eu já ouvi alguém dizer “As coisas estão indo tão bem que
eu até fico com medo de passar a fase boa e vir, então, uma fase ruim”.
Será que isso é verdade, que depois de uma fase boa tem que vir uma
ruim, e vice-versa? Será que a vida não poderia ser simplesmente
constante?
Pode
até parecer crendice, mas estas fases realmente acontecem com quase
todos que nos relacionamos. O motivo é que temos nossas próprias
naturezas e as pessoas que nos relacionamos também têm as delas e, como
não há naturezas iguais (embora as pessoas insistam em se rotular),
surgem duas situações quando pessoas interagem entre si: ressonância,
quando um complementa o outro de uma forma positiva; e dissonância,
quando uma natureza obstrui a outra.
Tudo
seria fácil se simplesmente pudéssemos definir quem nos é ressonante e
quem nos é dissonante. Apenas deixaríamos de lado aqueles que nos
obstruem e nos aproximaríamos daqueles que nos complementam. Mas isso
não é tão simples assim. No que diz respeito à grande maioria das
pessoas com as quais lidamos no dia a dia, há aspectos ressonantes que
nos ligam a elas, mas também há aspectos dissonantes que nos colocam em
conflito, com as mesmas pessoas. Essa ambiguidade se manifesta
ciclicamente, em certos momentos preponderando relações harmoniosas e,
em outros, preponderando conflitos.
Pessoalmente
eu não gosto deste tipo de ciclo. Digo isso porque, quando isso
acontece, há momentos bons mas que sempre atingem um certo limite (não o
excedendo), só para reverter na outra direção do ciclo, onde as coisas
tendem a piorar. Uma saída óbvia é procurar outras pessoas para se
relacionar mas isso nem sempre é ideal. Afinal as pessoas têm laços
emotivos e eles não se quebram apenas porque tomamos uma decisão.
Separar-se fisicamente, e manter-se ligado emocionalmente, é ser
incompleto. É algo que acontece, mas fica uma pendência que não vai
simplesmente desaparecer.
Deixar
pessoas para trás, como uma forma padrão de desenvolver
relacionamentos, não é uma boa ideia também por um outro motivo: é que
nenhum relacionamento vai se aprofundar se você descarta-lo por causa
dos altos e baixos. A saída seria enriquecer sua própria identidade,
complementando sua natureza, e também a identidade da outra pessoa. E a
forma de fazer isso é através da comunicação. Ao relacionar-se com
alguém, ambos os lados eventualmente sentem satisfação e insatisfação, e
estas sensações são a base do aprendizado. É claro que tudo fica mais
fácil quando, além de aprenderem por si próprias, as pessoas mantêm o
diálogo, compartilhando o que descobriram.
Essa
afinação entre pessoas pode levar anos mas, de tempos em tempos, ela dá
saltos e, quando este salto acontece, vale a pena todo o esforço. A
partir daí, os altos e baixos até continuam, mas se resolvem mais rápido
e você se sente melhor na maior parte do tempo. Por esta afinação de
consciência ser uma alternativa tão melhor do que deixar pessoas para
trás, vale a pena reconsiderar se você se distanciou de alguém.
Estou
falando muito em relacionamentos, mas que tipo de relacionamentos? Eu
me refiro a qualquer tipo de interação que persista entre duas ou mais
pessoas. Seja na amizade, no trabalho, no amor, no que quer que seja.
Quando você perceber este tipo de ciclo de satisfação e insatisfação em
setores da sua vida, tente associar o ciclo às pessoas, mesmo que se
trate de trabalho, ou de dinheiro. Então descubra que tipo de interações
com as pessoas interferem de forma positiva, e que tipo de interações
interferem de forma negativa, aprendendo assim sobre o aspecto humano
que diz respeito ao que você está interagindo. Comunique-se então com as
outros para harmonizar-se, e reduzir o impacto da variação entre altos e
baixos. Vale ressaltar que a sinceridade deve pautar seus
relacionamentos, uma vez que tudo que é sólido depende dessa qualidade.
Estes
conceitos também se aplicam na magia, que diz respeito às relações com o
invisível. Existem consciências relacionadas ao trabalho, ao dinheiro,
ao amor e a muitos outros aspectos da vida e também, com estas
consciências, muitas vezes ocorrem ciclos. Porém, antes de tentar
transformar o mundo externo através da magia, transforme a si mesmo,
harmonizando-se internamente. É impossível harmonizar-se com o mundo ao
seu redor se a harmonia não estiver dentro de si. Portanto, na magia,
busque primeiramente a harmonia interior, sempre. De forma secundária,
você expande esta harmonia para o exterior.
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