sexta-feira, 28 de junho de 2013

A Lição que se Aprende com Choronzon

Na semana passada eu descrevi uma experiência muito marcante de contato com meu inconsciente, e interrompi a narrativa justamente no que seria um ápice de frustração (veja meu post Um Tempo com Choronzon). Eu havia provado intensamente o sabor de inúmeras ilusões, que se seguiram por frustrações, até que percebi que tudo aquilo que eu havia sentido era falso, no sentido de ser sem raízes com a realidade.

Eu questionava, naquele momento, a totalidade do que eu havia percebido, todas as mensagens que eu havia recebido, tudo o que eu julgava ter experimentado de fato na vida, e também tudo o que eu acreditava (mesmo as crenças que eu havia sedimentado em minha própria mente durante anos). Estava, literalmente, “sem chão”. Não sabia no que me apoiar.

O fato é que perceber o quanto eu estava suscetível ao que “no fundo, no fundo, eu queria ouvir” e não ao que os fatos realmente eram, fez com que eu questionasse a mim mesmo. Fez com que eu me perguntasse se ocorria de eu estar filtrando todas as minhas percepções o tempo todo, desde o começo de minha congruência (sobre a qual eu dei uma amostra, na primeira parte do blog, apresentando diversas ideias), até o momento em que descrevi minha experiência de contato com meu Sagrado Anjo Guardião (no post Falando de Minha Própria Iniciação na Magia), experiência esta que eu também estava colocando em dúvida naquele momento. Eu precisava recompor meus pensamentos. Tive a ideia de experimentar me colocar em pirâmides, mas eu não estava disposto verdadeiramente a embarcar naquela ou em qualquer outra filosofia e, assim, de pouco me valeram aquelas sessões às quais eu me submeti.

A resposta que eu buscava, eu encontraria no silêncio de meus próprios pensamentos. Mesmo porquê eu já não confiava mais em palavras fáceis, ditas por entidades invisíveis, fossem elas direcionadas diretamente para mim, ou fossem canalisadas por médiuns, ou registradas em escrituras (fossem sagradas ou não). O problema das palavras é que não se sabe quem as transmite. Elas são um meio muito cômodo de se obter uma informação objetiva, mas como saber se são verdadeiras? Até então, eu nunca havia buscado nem o entendimento e nem a sabedoria com base exclusiva nelas. Eu sempre tive o hábito de questionar toda resposta pronta e, para isso, eu vim observando a mim mesmo como que visto de fora (como um observador externo), atento às minhas emoções, à minha criatividade, ao meu intelecto, aos meus instintos e, enfim, a tudo o que sou. Jamais deixei de lado “uma pecinha”, que fosse, daquilo que eu sou. Eu havia levado três anos nesse processo de busca de respostas utilizando uma linguagem preponderantemente não-verbal (associada à minha própria cognição) e, quando me permiti ceder às palavras, deixei-me levar tão facilmente por ilusões... Minha reestruturação começava ali, naquele ponto de minha história. Não levaria três anos, mas eu precisaria revalidar todas as minhas crenças, pensamentos, percepções e atitudes. Porém, naquele momento eu estava ali. Sem um Norte para seguir, exceto a bússola da minha própria mente.

O contato com Choronzon foi verdadeiramente perturbador, mas poderia ter sido pior se eu tivesse me deixado levar por alguma daquelas ilusões e assim falsamente acreditasse ter chegado ao meu objetivo, quando na realidade estaria ainda preso ao meu próprio ego. Foi dolorido perceber que estava vendo apenas um reflexo daquilo que eu queria ver (um reflexo de mim mesmo), mas acredito que foi talvez a melhor conclusão à que eu poderia ter chegado.

Um conhecido havia me falado de encostos e fiquei preocupado. Afinal, poderia ser um encosto. Era uma possibilidade. Foi por outras referências (as quais encontrei com o passar do tempo) que acabei compreendendo que tratava-se de Choronzon. Ele não me deu sequer o próprio nome, nem o nome que as pessoas dão a ele (eu não sei se ele tem um nome além dos nomes que as pessoas dão a ele). Ele apenas me disse “Eu sou você. Os meus olhos são aqueles que te vêem quando você se vê no espelho” (também está em meu post Um Tempo com Choronzon). Quando eu comecei a ler sobre este ser, me chamava a atenção, mas foi o fato de encontrar esta definição exata, pela qual ele referia a si mesmo, que me fez reconhecê-lo de fato (também no post Um Tempo com Choronzon). Foi aí que me convenci de tê-lo encontrado.

De fato eu acredito que todas as pessoas têm frequentemente contato com Choronzon, sendo apenas menos perceptível na maior parte dos casos. Choronzon tem relação com os filtros de percepção que utilizamos para contemplar o mundo, onde ignoramos os fatos que não são coerentes com aquilo que queremos ver, e enxergamos nitidamente o que tem a ver conosco, com nosso próprio ego. É esse filtro que nos separa do universo de infinitas possibilidades que está no inconsciente.

Muitos consideram Choronzon como a imagem da pura dispersão, mas eu não acredito que exista algo totalmente sem propósito. No próximo post, eu vou ponderar a respeito deste propósito.
 

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