Após estudarmos o número 1 (no post Compreendendo o Número 1 no Sistema de Numerologia de 18 símbolos),
vamos então para o número 2. O número 2, com sua natureza fixa,
estabelece algo, concretizando-o, mas aquilo que é concretizado não é
exatamente sólido (estrutural), nem é uma experiência emocional, nem é
um estado de consciência especial. Na realidade, o que é concretizado
pelo número 2 é uma vivência: uma experiência nova, dentro de um
contexto diferente, que é vivida intensa e extensamente. Nesta vivênvia
você percebe algo de si mesmo e do que realmente é capaz de realizar. É a
descoberta de seu próprio mérito quando diante de um desafio realmente
novo.
As pessoas que têm este número associado às suas datas de nascimento (descubra como calcular também no post Compreendendo o Número 1 no Sistema de Numerologia de 18 símbolos)
são pessoas cujas atitudes e pensamentos se identificam com o número 2,
e que se permitem mergulhar de cabeça em experiências novas e intensas,
aprendendo algo sobre si mesmas, e frequentemente têm a sensação de
terem realizado algo especial, ou seja: de terem provado seu próprio
valor. Isso inúmeras vezes.
No
meu caminho pessoal na magia, eu vivi nitidamente o número 2 quando me
aventurei a escrever os Ensaios Esotéricos para o site Yogabrasil. Eu contei parte desta história aqui, no post Sabedoria e Entendimento do blog O Mestre Que Nada Sabe,
mas certamente há mais a dizer do que foi exposto ali, tão
sumariamente. Na realidade, o contato que eu tive com a Eloísa Vargas, e
com outras pessoas, trouxe à minha consciência o que de fato é a
Bruxaria.
Durante
a minha infância, eu cresci com aquelas ideias de contos de fadas onde
eram separadas as fadas e as bruxas, nos quais as fadas sempre eram boas
e as bruxas sempre más, ainda que, pensando um pouco na literatura
infantil, no livro O Maravilhoso Mágico de Oz (The Wonderful Wizard of Oz) de Lyman Frank Baum,
já apareciam os termos “bruxa boa” e “bruxa má” (revelando talvez um
início de dissolução do preconceito em relação à Bruxaria). Essa era
então a bagagem que eu tinha em minha mente sobre as bruxas até quase
meus 30 anos de idade. Então aconteceu de que eu de fato conheci duas
amigas bruxas e, mais tarde, no breve período em que estive em contato
com o Yogabrasil, eu pude compreender do que realmente se trata a Bruxaria.
A
Bruxaria é extremamente bela em seus conceitos, mas de uma forma que
não parece tão clara para quem a vê de fora. Nela existem a Deusa (a
qual representa todas as deusas) e o Deus Cornífero (o qual representa
todos os deuses), sendo este o consorte da Deusa. A princípio pode
parecer que a Deusa e o Deus sejam distintos dos outros seres (como que
meros mortais), mas a ideia não é essa. Na realidade a Deusa é a
consciência que interliga e harmoniza todas as coisas, identificada com o
planeta Terra e com a Lua. É por isso que ela é tão grandiosa, e tão
central na Bruxaria. E também é por isso que o papel das mulheres é tão
valorizado e distinto na mesma: as mulheres representam a Deusa.
Já
o Deus Cornífero simboliza a totalidade dos atos individuais que buscam
renovar o todo. Ele nasce da Deusa, sendo seu filho, e mais tarde será
também representado no masculino que corteja o feminino, e também no
masculino que se une ao feminino, fecundando-o e renovando-o. Toda essa
simbologia é associada aos ciclos da passagem do ano, que se relacionam
com os incessantes movimentos de nascimento e morte representados pelas
estações do ano (primavera, verão, outono e inverno).
Se
há algo que não há na Bruxaria (quando interpretada de forma
consciente), é a idolatria. Idolatria é adorar algo acima de si mesmo,
colocando-se abaixo. É desvalorizar a si para valorizar outro objeto. Na
Bruxaria, Deusa e Deus são vivos em todos os seres. Somos Deusa e Deus.
É como se fizéssemos parte de um mesmo corpo. Só que, nessa analogia,
existem partes distintas, umas mais conscientes e outras menos (da mesma
forma Deusa e Deus existem também como consciências, e são acessíveis).
A Bruxaria, portanto, é essencialmente uma visão panteísta, onde tudo é
divino. O meu post Quando Tudo é Divino: um Universo sem Criador e sem Criatura
expõe também uma visão panteísta, porém não relacionada diretamente com
a simbologia da Bruxaria, embora não seja contraditória à mesma.
Revendo
a ação do número 2 no meu caminho da magia, eu me sinto bem ao perceber
que foi justo no contexto da Bruxaria que eu vivi o desafio que este
número me propôs, travando contato com pessoas ligadas à antiga
religião, e ao mesmo tempo escrevendo meus Ensaios Esotéricos, que eram
então publicados. Eu devo dizer que não conseguiria descrever toda a
extensão da Bruxaria neste post se eu assim o desejasse. Há muitos
mistérios, sendo que alguns eu tive o mérito de compreender, e há uma
multitude que estão além do meu alcance. Somente como exemplo, perceba
que a Bruxaria envolve certamente a magia com elementos da natureza
porque ela diz respeito a tudo o que há, mas ela não nega outros tipos
de crença e de expressão pois, ao envolver tudo, também aceita esta
diversidade. Assim, rotulá-la é sempre um erro.
No
próximo post, eu vou falar a respeito do número 3 no sistema de
numerologia de 18 símbolos e, a partir deste número, vou dar
continuidade à narrativa do meu caminho na magia, contando novos fatos.
Como eu citei uma vez, no post Algumas Bases Numerológicas,
o caminho de um mago sempre é pautado por um ciclo que envolve
constantemente buscar algo novo, sedimentar e estabelecer algo, e então
desvencilhar-se do que fez para poder prosseguir adiante. Estas três
ações são as bases de um sistema de numerologia e eu procurei mostrar
que isso já vem sendo percebido pela humanidade há muitos milênios (no
post Goécia: Refletindo Sobre o que Marginalizamos no Inconsciente).
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