sábado, 20 de outubro de 2012

O Uso Benígno do Dinheiro

As pessoas têm os mais diversos conceitos em relação ao papel do dinheiro em suas vidas e no mundo. Alguns transformam o dinheiro em um bem maior, na busca última em relação ao qual tudo o mais é secundário. E, justamente por causa desse ponto de vista, outros acreditam que o dinheiro é coisa malígna, que se concentra nas mãos de poucos e escraviza os demais. O fato é que, se o dinheiro fosse de fato malígno, as pessoas não o desejariam, pois ninguém deseja algo que não lhe traga algum tipo de benefício. Muitos costumam criticar outras pessoas por terem objetivos, atitudes e valores voltados ao dinheiro, mas o que sentem realmente é a insatisfação de suas necessidades nesse sentido. Na realidade, não existe razão em culpar o dinheiro, em si, pela forma que as pessoas o usam (o que não é o dinheiro em si). Não faz sentido denegri-lo quando se deseja mais dele para si e para outras pessoas.

O X da questão vem do fato de que as pessoas competem para possuir o dinheiro. E há alguns que fazem isso de forma muito voraz, enquanto outros até que conseguem administrá-lo, e outros então sequer conseguem utilizá-lo para suas necessidades mínimas. É uma competição que não tem resultados equalitários. No fundo, é esta competição que está errada, e não o dinheiro em si. O dinheiro foi inventado para que as trocas de mercadorias e serviços fossem facilitadas. Antes do dinheiro existir, era necessário que se trocasse um bem por outro, ou que se trabalhasse para alguém com o objetivo que esta pessoa lhe entregasse um outro bem ou serviço. Nessa situação, as pessoas precisavam transportar seus bens consigo para poder trocá-los com alguém que os desejasse e necessitavam transportar também os bens que adquiriam em troca.

O fluxo do dinheiro deveria facilitar as trocas de bens e serviços mas não foi isso que aconteceu na prática. As pessoas começaram a acumulá-lo pois isto lhes causava (e causa) a sensação de estarem seguras, pelo menos no que diz respeito aos bens materiais. O ideal é que o dinheiro flua transformando a realidade. Um exemplo de quando o dinheiro é bom, é quando ele se transforma em um negócio que gera empregos e que tem uma função social de algum tipo. Assim, o dinheiro se torna parte do poder que nós temos de dar forma à realidade, sustentando e preservando o que damos valor. O dinheiro é a maneira que possuímos de manter aquela loja em que compramos as roupas que gostamos, ou de manter aquele mercado onde obtemos o que comer e os itens que necessitamos repor em nossos lares, ou instituições de caridade que desejamos manter, etc. Quando pagamos por algo em um estabelecimento, parte deste pagamento irá ser destinado àquelas pessoas que estão trabalhando ali, que o levarão a seus lares e irão utilizá-lo para obter bens e serviços, sustentando também as estruturas que existem na sociedade que lhes fornecem os mesmos.

O uso do dinheiro é benígno principalmente se ele fluir ao invés de ser meramente acumulado (não me refiro é claro às pequenas economias). Quando ele flui, exercemos nosso poder de dar sustentação e forma à realidade. Quando ele é acumulado em excesso, é um potencial estéril e sem uso. O bom uso do dinheiro implica em saber o que desejamos manter no mundo (sejam pessoas, instituições, serviços, lugares ou objetos) e destiná-lo a esse fim. Mas esta é apenas a parte do fluxo que sai de nós. Também é necessário fazer com que venha a nós.

Da mesma forma que o dinheiro é utilizado para mantermos aquilo que damos valor no mundo, o mundo nos mantém com dinheiro quando representamos valor para o mundo. Ou seja, quando temos um papel dentro dele. Na realidade uma pessoa pode ter muitos papéis no mundo, seja na forma de um emprego, seja como empreendedor, ou de diversas outras maneiras. Não há limites para o uso da criatividade na escolha destes papéis, e nem da pluralidade destas escolhas. É claro que não basta fazer escolhas: é necessário desenvolvê-las. E também, quanto mais especial for seu papel no mundo, maior a probabilidade de que o mundo faça com que o dinheiro flua para você.

E finalmente, deve-se evitar negar-se ao dinheiro. Se você repudia algo enfaticamente, será cada vez mais bem sucedido em isolar-se do que nega, de forma que poderá acabar sendo tão bem sucedido nessa negação que se tornará sem aquilo que repudia.

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