As
pessoas têm os mais diversos conceitos em relação ao papel do dinheiro
em suas vidas e no mundo. Alguns transformam o dinheiro em um bem maior,
na busca última em relação ao qual tudo o mais é secundário. E,
justamente por causa desse ponto de vista, outros acreditam que o
dinheiro é coisa malígna, que se concentra nas mãos de poucos e
escraviza os demais. O fato é que, se o dinheiro fosse de fato malígno,
as pessoas não o desejariam, pois ninguém deseja algo que não lhe traga
algum tipo de benefício. Muitos costumam criticar outras pessoas por
terem objetivos, atitudes e valores voltados ao dinheiro, mas o que
sentem realmente é a insatisfação de suas necessidades nesse sentido. Na
realidade, não existe razão em culpar o dinheiro, em si, pela forma que
as pessoas o usam (o que não é o dinheiro em si). Não faz sentido
denegri-lo quando se deseja mais dele para si e para outras pessoas.
O
X da questão vem do fato de que as pessoas competem para possuir o
dinheiro. E há alguns que fazem isso de forma muito voraz, enquanto
outros até que conseguem administrá-lo, e outros então sequer conseguem
utilizá-lo para suas necessidades mínimas. É uma competição que não tem
resultados equalitários. No fundo, é esta competição que está errada, e
não o dinheiro em si. O dinheiro foi inventado para que as trocas de
mercadorias e serviços fossem facilitadas. Antes do dinheiro existir,
era necessário que se trocasse um bem por outro, ou que se trabalhasse
para alguém com o objetivo que esta pessoa lhe entregasse um outro bem
ou serviço. Nessa situação, as pessoas precisavam transportar seus bens
consigo para poder trocá-los com alguém que os desejasse e necessitavam
transportar também os bens que adquiriam em troca.
O
fluxo do dinheiro deveria facilitar as trocas de bens e serviços mas
não foi isso que aconteceu na prática. As pessoas começaram a acumulá-lo
pois isto lhes causava (e causa) a sensação de estarem seguras, pelo
menos no que diz respeito aos bens materiais. O ideal é que o dinheiro
flua transformando a realidade. Um exemplo de quando o dinheiro é bom, é
quando ele se transforma em um negócio que gera empregos e que tem uma
função social de algum tipo. Assim, o dinheiro se torna parte do poder
que nós temos de dar forma à realidade, sustentando e preservando o que
damos valor. O dinheiro é a maneira que possuímos de manter aquela loja
em que compramos as roupas que gostamos, ou de manter aquele mercado
onde obtemos o que comer e os itens que necessitamos repor em nossos
lares, ou instituições de caridade que desejamos manter, etc. Quando
pagamos por algo em um estabelecimento, parte deste pagamento irá ser
destinado àquelas pessoas que estão trabalhando ali, que o levarão a
seus lares e irão utilizá-lo para obter bens e serviços, sustentando
também as estruturas que existem na sociedade que lhes fornecem os
mesmos.
O
uso do dinheiro é benígno principalmente se ele fluir ao invés de ser
meramente acumulado (não me refiro é claro às pequenas economias).
Quando ele flui, exercemos nosso poder de dar sustentação e forma à
realidade. Quando ele é acumulado em excesso, é um potencial estéril e
sem uso. O bom uso do dinheiro implica em saber o que desejamos manter
no mundo (sejam pessoas, instituições, serviços, lugares ou objetos) e
destiná-lo a esse fim. Mas esta é apenas a parte do fluxo que sai de
nós. Também é necessário fazer com que venha a nós.
Da
mesma forma que o dinheiro é utilizado para mantermos aquilo que damos
valor no mundo, o mundo nos mantém com dinheiro quando representamos
valor para o mundo. Ou seja, quando temos um papel dentro dele. Na
realidade uma pessoa pode ter muitos papéis no mundo, seja na forma de
um emprego, seja como empreendedor, ou de diversas outras maneiras. Não
há limites para o uso da criatividade na escolha destes papéis, e nem da
pluralidade destas escolhas. É claro que não basta fazer escolhas: é
necessário desenvolvê-las. E também, quanto mais especial for seu papel
no mundo, maior a probabilidade de que o mundo faça com que o dinheiro
flua para você.
E
finalmente, deve-se evitar negar-se ao dinheiro. Se você repudia algo
enfaticamente, será cada vez mais bem sucedido em isolar-se do que nega,
de forma que poderá acabar sendo tão bem sucedido nessa negação que se
tornará sem aquilo que repudia.
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