sábado, 27 de outubro de 2012

Uma Nova Forma de Buscar a Riqueza

No post anterior, eu coloquei alguns princípios sobre o uso benígno do dinheiro. Uma consequência de reformular o conceito do uso do dinheiro implica também em mudar como definimos a riqueza. Muitas pessoas pensam em riqueza como o extremo acúmulo do dinheiro e, na realidade, este acúmulo gigantesco não deveria existir, afinal o dinheiro deve fluir para cumprir seu papel, e não permanecer acumulado e estagnado. Como conciliar então a ideia da riqueza?

Há quem tenha, como maior sonho, o de se tornar rico. Não me refiro às pessoas que o tentam fazer de forma desonesta e sim às pessoas que se dedicam dia a dia a um negócio pensando nos lucros que podem ser gerados, nos prejuízos que os assombram, ou então nos esforços e sacrifícios que “devem” ser realizados para conseguir uma promoção, seja para ser o novo supervisor, ou o novo gerente, diretor, presidente. Estas pessoas acreditam que a riqueza seja possuir o dinheiro, e é aí que está o erro pois a riqueza está em usufruir, relacionar-se, explorar as possibilidades do mundo e de si mesmo, o que não tem nada a ver com possuir. O simples fato de possuir uma imensa quantidade de dinheiro sem utilizá-lo é um contrasenso pois, possuindo-o dessa forma, não se explora suas possibilidades.

A riqueza está, em primeiro lugar, dentro de si mesmo, na liberdade de ser e pensar, no bom funcionamento do próprio corpo, na expressão do corpo, percebendo seus limites, percebendo o prazer e a dor (eu exploro o tema das sensações no post O Prazer e a Dor). Sim, o prazer e a dor, porque são a base de nosso aprendizado e também é um tipo de riqueza a liberdade de errar, acertar e aprender.

A riqueza está também em se relacionar com as pessoas, ter amizades, revelar seus talentos (uma das formas de se realizar isso é o trabalho), deixar-se servir dos talentos de outras pessoas, ter uma companhia, ter filhos e conviver com os filhos, tornando-se sempre jovem interiormente por estar em contato com a juventude deles. A riqueza está em poder amar os filhos, sejam meninos ou meninas, de uma forma tão pura como jamais seria possível amar outra pessoa, nem mesmo a pessoa que se escolheu como companhia.

A riqueza está em viver cada etapa da vida, sendo plenamente criança, plenamente jovem, plenamente solteiro (ou solteira), plenamente casado (ou casada), ou então optar por outras possibilidades como o claustro religioso, por exemplo. A riqueza também está em ser plenamente idoso, pois ser idoso também é uma etapa da vida e ser verdadeiramente rico implica em viver todas as etapas, extraindo o máximo de experiência de todas elas.

A riqueza está também em ter a liberdade de tratar bem a quem se ama, ou a quem se se sente o legítimo impulso de caridade. A riqueza também está em encontrar conforto no mundo e nas pessoas, em se permitir receber carinho e ser cuidado. A riqueza também é material quando, nos sentindo como crianças, nos espantamos com uso da tecnologia. Em suma, a riqueza diz respeito a relacionar-se, a ser e expressar-se, a ser cada vez mais e a expandir essa expressão no mundo, como se fosse uma grande tela e nós fôssemos os artistas pintando esta tela.

A riqueza diz respeito inclusive ao dinheiro, quando nos relacionamos com ele e o permitimos fluir. Quando se descobre a verdadeira natureza da riqueza, se torna possível perceber que o dinheiro pode fazer parte dela, mas não é a maior parte, pois podemos acessar a riqueza do mundo quando enriquecemos quem somos, definindo nosso papel, e desenvolvemos nossa expressão no mundo. Dessa forma, o uso do dinheiro, em si, se torna menos necessário. Na realidade, assim é a riqueza vivenciada da forma correta. A forma incorreta seria o acúmulo desenfreado do dinheiro para se tentar obter um atalho, tentando evitar a forma natural de realizar-se no mundo.

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