sábado, 22 de dezembro de 2012

Equilibrando-se Para Manter-se Constante

Muitos de nós, que buscamos seriamente nos desenvolver no ocultismo e na magia, nos dedicamos tanto a este objetivo que esquecemos daquilo que parece ser importante para as demais pessoas, aquilo que parece ser mais trivial: as relações familiares, as oportunidades profissionais, os momentos de lazer, enfim, as situações diversas do cotidiano de uma pessoa comum. Caímos muitas vezes no erro de acreditarmos que não somos pessoas comuns, que podemos nos fortalecer tendo como exemplo a imagem de um “super-homem”, extremamente forte, invulnerável, que até é capaz de misturar-se ao mundo, mas jamais comunga com o mundo, jamais se revela plenamente a ele, ocultando sempre sua identidade secreta.

A verdade é que, quando nos deixamos levar por esta atitude, não conseguimos mantê-la por muito tempo. Nada do que é permanente na natureza permanece em um estado só. Todo tipo de ação necessita de repouso, para que depois do repouso surja a ação de novo. A vida na Terra, por exemplo, vem se mantendo porque há um fenômeno denominado “morte” que faz com que a matéria que compõe os seres vivos se recicle. Se a morte jamais viesse, a matéria eventualmente se consumiria, e não haveria mais como se gerar novos seres vivos.

Houve um tempo, nos primórdios da vida neste nosso planeta, que a atmosfera era extremamente carregada de gás carbônico, de forma que os primeiros seres vivos que surgiram respiravam este gás e liberavam oxigênio. Se nada ocorresse, o gás carbônico seria totalmente consumido e a vida cessaria. Este era um perigo real para a vida. Porém a vida evoluiu e surgiram os seres capazes de respirar justamente o oxigênio, liberando então o gás carbônico, seres do qual nós fazemos parte. E assim, como se estabeleceu um ciclo, a vida prosseguiu constante. Um outro exemplo: até mesmo um fenômeno simples, como a chuva, faz parte de um ciclo, onde existe a chuva, propriamente dita, que alimenta os rios e as plantações e que umedece o nosso ar, regulando também a temperatura ambiental, e existe também a evaporação cujo efeito irá condensar novas nuvens, que permitirão novas chuvas, mantendo novamente a constância.

Só há dois tipos de fenômenos constantes na natureza: aqueles que são imutáveis, feito rochas, praticamente estéreis em suas relações; e aqueles que são cíclicos, que vivem transições de estados que, equilibradas, permitem existências perenes. Portanto, se desejamos permanecer firmes em nossos propósitos, precisamos ser capazes de abandoná-los eventualmente, recuperarmos nossas energias, e então nos concentrarmos de novo.

Mas nem sempre percebemos quando precisamos do repouso. Às vezes nos deixamos levar por rotinas, por um modo único de fazer as coisas, condições que impomos a nós mesmos. Acontece também de buscarmos implacavelmente resultados, a ponto de nos esgotarmos, e ainda assim prosseguimos tentando, como se não tentar fosse desistir. O resultado é que caímos enfraquecidos. Eu mesmo caio neste tipo de cilada mental com alguma frequência, mas então eu percebo o que está de fato acontecendo nestes momentos. E para intervir com eficiência, eu tomo algumas medidas aparentemente contraprodutivas: eu deixo um trabalho para outro dia, me dedicando a outra coisa, ou alongo um prazo pessoal de uma semana para duas, deixo de cumprir uma expectativa de alguém com relação à qual não estou conseguindo cumprir, etc. Tudo isso acaba contribuindo para que eu recupere minhas forças e me levante novamente.

A ideia central é o equilíbrio. Pense naquele equilibrista de pratos que mantém um monte de pratos girando. Ele gira um prato de cada vez. Ele não consegue girar todos os pratos de uma vez só. Então ele fica atento ao que está mais desequilibrado e dá um reforço para aquele prato, reforçando o giro, e assim mantém todos equilibrados. É exatamente assim que devemos procurar ser. Precisamos identificar o que está desequilibrando em nossas vidas, esquecer o resto e dar atenção àquele ponto específico. Quando quem amamos precisa de nossa presença e carinho, paramos e damos atenção e carinho. Quando as crianças precisam de nós, nos voltamos para as crianças. Quando o trabalho requer nossa atenção, focalizamos no trabalho. Quando nos cansamos, descansamos. Quando nos entendiamos, quebramos a rotina.

Então vem o medo: e se deixarmos algo desequilibrar por muito tempo, e aquilo cair e ruir. Daí vem uma segunda ideia, a de que não devemos agir sozinhos. Não devemos procurar controlar a realidade ao nosso redor em todos os detalhes diretamente. Não devemos supervisionar tudo o que acontece. Simplesmente não conseguimos fazer isso. No nosso relacionamento com o mundo, não é benéfico “pescar o peixe”, e sim ensinar a pescar. Assim, quando nos ausentarmos, alguém nos substitui. Da mesma forma, devemos aceitar o ritmo das pessoas ao nosso redor, principalmente quando precisam ausentar-se, ou quando não conseguem acompanhar o ritmo que desejamos manter. Agindo assim, seremos constantes em nossos ideais e, mais importante, quando não estivermos presentes, o mundo será capaz de mantê-los sem nós.

Estes são princípios que nem sempre conseguimos realizá-los, muitas vezes falhamos em um ou outro. Mas quando nos concentramos neles, tendemos a executá-los de forma cada vez mais perfeita. Basta usar os próprios recursos que se tem, entre eles a imaginação, a emoção, o desejo e a razão e, sendo tolerante consigo mesmo, tornando-se cada vez melhor.

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