domingo, 11 de novembro de 2012

A Relação entre a Alma e o Corpo

Uma questão que me intrigava há alguns anos atrás era relacionada à relação entre a alma e o cérebro. Eu me questionava a respeito do porquê de existirem memórias no cérebro, e também existir a capacidade de raciocínio (e pensamento de uma forma mais abrangente) no próprio organismo físico, se o que controla o corpo é a alma. Afinal, se o corpo é apenas um fantoche no qual a alma assume o controle, porque particularmente o cérebro precisa ser tão complexo?

Vou dar um exemplo do que eu quero dizer. Quando eu era pequeno existia uma propaganda de um brinquedo que era um robozinho chamado Arthur. Na propaganda o Arthur pegava objetos, levava de uma pessoa para outra, e tinha um som engraçado. Então eu me apaixonei pelo robozinho. Eu queria ter aquele brinquedo de qualquer jeito. E minha mãe comprou o brinquedo. Normalmente eu não tinha o luxo de ter todos os brinquedos que eu queria, mas aquele brinquedo eu tinha ganhado. Colocamos a bateria e eu fui ver como funcionava. O princípio era simples: era um robô que andava sempre para frente mas, se eu apertasse um botão no controle remoto, ele andava em círculos dando marcha ré, até que eu soltasse o botão e ele ia adiante de novo. Enquanto ele fazia isso, saía um som: “Bi! Bi! Bi! Bi!”. Os bracinhos eram de plástico e não se moviam por si mesmos, nem mesmo eram capazes de segurar algum objeto. Enquanto ele estava ligado, uma luz vermelha acendia e apagava.

Eu demorei pouco tempo para perceber que o robô não era independente, que não tinha inteligência, nem memória alguma dentro de si e que quem detinha o controle dele era eu. Assim é que algumas pessoas acreditam que seja a relação entre o corpo humano e a alma: de controle total por parte da alma. Só que essa relação não faz sentido. Se fosse para a alma ter controle total sobre o corpo, o cérebro não precisaria ter todas as funções que tem. Seria sim um mero receptor, tal como o receptor dos comandos de controle remoto no robozinho Arthur: sem qualquer poder de decisão real, sem qualquer inteligência e sem qualquer individualidade.

Então eu pensei na possibilidade de uma redundância. Ou seja, de uma forma em que o que estivesse no cérebro estivesse também na alma, como uma espécie de cópia. Se algo fosse armazenado no cérebro, seria também armazenado na alma. Só que a redundância também não fazia sentido. Afinal, porque registrar algo duas vezes, quando você pode fazê-lo uma vez só? E porque fazer isso se o corpo eventualmente morre e perde tudo o que estava em si? Permanecia a questão: porque apenas a alma não contém em si toda a cognição do indivíduo, se é ela que detém o controle?

Eu só fui compreender essa relação entre corpo (pois é ali que está o cérebro) e alma quando enfim eu entendi que são duas coisas distintas que se comunicam e interagem ao invés de existir uma relação de controle entre uma e outra. A ideia que me atraiu em especial foi a teoria do universo holográfico, de David Bohm, em que tudo o que ocorre em qualquer lugar, deixa marcas em todo o universo. No domínio da física, a teoria começou com o fenômeno das correlações quânticas (que acontecem à distância, sem uma relação de proximidade envolvendo causa e efeito e, ainda assim, sendo uma comunicação instantânea), levando à compreensão de que não há fenômenos isolados no universo independente de quão distantes estejam dois locais entre si. Não levou muito tempo para David Bohm encontrar implicações filosóficas e metafísicas na sua teoria. No tema deste post, da relação entre corpo e alma, a alma seria esta extensão comunicante que existe em todo o universo. A expressão do corpo se manifestando no universo instantaneamente. A alma teria um foco no corpo, mas não estaria contida nele, podendo alcançar, de fato, tudo o que existe.

A alma seria uma rede de ressonância associada ao corpo de forma que, quando o corpo se desfizesse, a alma permaneceria. Mas permaneceria onde? Espalhada em todo universo físico. Isso é possível se a consciência ser uma característica intrínseca da existência física, de forma que um estado cognitivo possa se expressar à matéria e à energia fisicamente existentes, comunicando-se (veja o post Quando Tudo é Divino: Um Universo sem Criador e sem Criatura para obter mais detalhes sobre este conceito). Assim, pretendo dar continuidade ao post Como o Mundo Espiritual Percebe o Mundo Físico, no sentido de tentar compreender ainda mais a realidade espiritual. A realidade astral seria, portanto, atrelada à realidade física como um todo, da mesma forma que a realidade física é atrelada à realidade astral.

Mas como fica a questão da reencarnação? Eu acredito na reencarnação, porém de uma forma pessoal, não atrelada à qualquer religião. Eu penso que, quando está sendo formado o corpo de um bebê (mesmo sendo ainda um feto), é de fato um novo ser, sem memórias ainda e com sua individualidade. O que se passa então, no caso da reencarnação, é a aproximação e o contato contínuo de uma alma (um ser antigo) com um ser novo, que é o corpo. Conforme esta aproximação e contato se mantêm e, ambos os seres se comunicam (alma e corpo), o corpo passar aprender sobre a alma, harmonizando-se com ela e, da mesma forma a alma aprende com o corpo, harmonizando-se com ele. Dessa forma, todo bebê é um novo ser e, ao mesmo tempo, um ser antigo. É claro que há outros aspectos relacionados à reencarnação, porém desejo abordá-los em outra oportunidade.

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