No post Sabedoria e Entendimento,
eu expus como estes dois atributos da consciência começam a ser
instilados, no mago e em sua rede de ressonância, como um dos primeiros
“efeitos”, por assim dizer, do encontro com o Sagrado Anjo Guardião
(veja o post Falando de Minha Própria Iniciação na Magia).
Assim, eu coloquei como eu próprio percebi esta experiência. No
entanto, o que eu não me aprofundei foram alguns erros de julgamento
pelos quais eu me deixei levar na época.
De
fato, por sentir que tinha um acesso diferente ao conhecimento que não
era a via comum, eu cheguei a extrapolar até onde eu poderia me
desenvolver no que diz respeito ao conhecimento, e se um dia eu poderia
me considerar extremamente culto... Esses pensamentos, é claro, foram
expressões da minha própria vaidade naquele momento: ilusões (a verdade é
que nunca se está livre de ilusões, e iludido está quem acreditar que
está livre delas). O que estava acontecendo não se tratava da imersão em
um conhecimento enciclopédico e sim de um exercício maior de atributos
humanos (como se fossem “músculos” que se pode utilizar melhor) que se
referem à consciência, mas que também são frutos da comunhão com algo
além de nós mesmos. Eu levei alguns anos até que percebesse a vaidade do
que estava sentindo.
Eu
acabei descobrindo a respeito de minha própria forma de aprender. Por
exemplo, eu me sinto compelido a ler sobre algo quando eu percebo uma
possibilidade de aplicar o conhecimento sobre o qual a leitura se
refere, mesmo que seja uma aplicação ainda que apenas remotamente
possível (afinal, não é porque algo não pode ser aplicado numa situação
imediata que não tenha sentido como um objetivo, ou meta).
Eu também sempre me senti estimulado a ler escritos antigos, como o Apocalipse, ou então O Evangelho de Tomé,
encontrado junto aos manuscritos do Mar Morto, em uma caverna de Nag
Hammadi. Isso em 1945. É interessante como que textos escritos em uma
linguagem simbólica nos tocam interiormente. Quanto mais vivemos e
quanto mais aprendemos, mais tais textos nos revelam. Quanto aos
comentários modernos que os acompanham, eventualmente eu até leio um ou
outro, ou então artigos a respeito, mas quando eu me proponho a ler uma
destas obras, eu tento focalizar na mensagem da forma que foi escrita,
para poder sentir como ela (a mensagem) interage comigo e aprender com
essa interação. É claro que há muito que permanece oculto a mim quando
me aventuro a ler um texto destes, mas isto é normal. Anos depois,
quando eu tentar relê-lo, eu fico satisfeito quando consigo extrair um
pouco mais. É sinal de que amadureci mais um pouco.
Outro livro que vale a pena ler, e reler, e que (apesar disto não ser claro para muitos) possui muitos conceitos ocultos é As Mil e Uma Noites, em que muitos conceitos dos sufis são colocados ali. O sufismo
tem paralelos com a busca de um mago principalmente no que diz respeito
a buscar a comunhão com o Círculo maior, o qual representa a essência
da divindade que em tudo se manifesta (veja o post O Maior Círculo em que Alguém Pode se Iniciar para conferir minhas próprias definições a este respeito). Nas Mil e Uma Noites
existem muitas estórias, que alguns percebem apenas como meras
estórias, mas há padrões que se repetem inúmeras vezes e, prestando
atenção, pode-se tornar capaz de compreendê-los. Ali você percebe que o
Islamismo é muito mais do que a postura radical que se faz destacar
atualmente.
Na
realidade eu tenho o que se chama de perfil generalista. Eu possuo mais
facilidade em encontrar relações dentro de um contexto amplo, ou entre
diversos contextos, mas eu não tenho a profundidade da visão
especialista, a qual é muito rica em detalhes mas é concentrada em
contextos específicos. No mundo atual ambos os perfis são úteis. Porém
foi justamente por causa do meu perfil que eu criei meu blog da forma
que é. Eu percebi que seria muito difícil para mim escrever
extensivamente sobre qualquer tema mas que, por outro lado, seria muito
simples contar algo a respeito de mim mesmo, e de minha própria história
em larga medida, e que assim eu conseguiria demonstrar um ponto de
vista generalista.
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